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Estado de Minas

Há 25 anos o Eurotúnel era inaugurado


postado em 04/05/2019 12:07

Em 6 de maio de 1994, a 100 metros debaixo da água, a Rainha Elizabeth II e François Mitterrand inauguraram o Eurotúnel, um verdadeiro feito da tecnologia marítima e da diplomacia desde os tempos de Napoleão.

Depois de uma série de fracassos, hesitações e imprevistos, o "canteiro de obras do século", uma proeza de 100 bilhões de francos franceses (15,2 bilhões de euros), traçou uma fronteira terrestre cruzada por quase 430 milhões de viajantes e um quarto do comércio entre o Reino Unido e a Europa.

A ideia remontava a 1802, quando o engenheiro francês Mathieu-Favier submeteu o primeiro plano de um grande túnel a Napoleão Bonaparte.

Pontes, diques, tubos, ilhas artificiais ... uma centena de projetos dominavam o século XIX.

Um dos projetos recebeu a aprovação da Rainha Vitória e de Napoleão III em 1855: um túnel idealizado pelo francês Aimé Thomé de Gamond.

O espinhoso problema da ventilação foi resolvido pelo britânico William Low.

Quase dois quilômetros de galerias foram escavados em ambos os lados do Canal da Mancha entre 1878 e 1883.

Mas as "razões estratégicas" do governo britânico e a Grande Depressão de 1873 acabaram por enterrar o projeto.

Ele só seria retomado 75 anos depois, após as duas guerras mundiais.

Um grupo de estudo para o Canal da Mancha foi criado em 1957 através da Comunidade Econômica Europeia (CEE), que nasceu no mesmo ano.

Em 1973, 300 metros foram escavados em Sangatte (Pas-de-Calais) e 400 metros perto de Dover.

Mas o governo britânico estava mudando de mãos. Por razões orçamentárias, Harold Wilson abandonou o trabalho em 1975.

- Ponte ou túnel -

A chegada de Margaret Thatcher em 1979 e de François Mitterrand em 1981 ao poder reviveu o projeto pela última vez.

Quatro propostas foram colocadas sobre a mesa: uma ponte rodoferroviária, uma ponte-túnel rodoferroviária, um túnel rodoviário e um túnel ferroviário.

A maioria dos britânicos preferia uma ligação rodoviária, assim como Margaret Thatcher, enquanto os franceses pendiam para a opção ferroviária.

Finalmente venceu a ideia de um túnel ferroviário subaquático duplo com 50,5 km de extensão, selado pelo Tratado Franco-Britânico de Canterbury em 12 de fevereiro de 1986.

O maior estaleiro europeu mobilizou até 15.000 pessoas para iniciar a obra.

No lado francês, 4.100 trabalhadores foram recrutados, principalmente em Nord-Pas-Calais.

Do outro lado, quase o dobro de trabalhadores foram empregados, alguns dos quais aproveitados após o fechamento das minas britânicas.

A um ritmo de "500 metros por mês", a AFP acompanhou o progresso das máquinas de perfuração dos túneis, marcado por atrasos, greves e problemas técnicos.

- A travers la craie -

Em 1o. de dezembro de 1990, às 12h12, o aperto de mão de dois operários, o francês Philippe Cozette e o britânico Robert Graham Fagg, 100 metros abaixo do mar, virou uma foto que percorreu o o mundo.

Após seis anos de trabalho, o túnel foi entregue em dezembro de 1993. Pelo menos nove trabalhadores perderam a vida, sete deles britânicos.

"Durante este século, a combinação do ímpeto francês e do pragmatismo britânico fizeram uma maravilha", declarou Elizabeth II, em francês, depois de ter estado sob o canal de 160 km/h para inaugurar o túnel em Coquelles (Pas-de-Calais) em 6 de maio de 1994, seis meses antes dos primeiros viajantes.

"Temos, madame, a partir de agora uma fronteira terrestre", destacou François Mitterrand.

A bordo de um Royal Rolls-Royce, a rainha e o presidente embarcaram em um trem de traslado para o Cheriton Terminal (Kent).

O príncipe Philip e Danielle Mitterrand seguiram em um SM Maserati do Elysee.

Durante a travessia de 25 minutos, oficiais e jornalistas, em seus respectivos transportes, trocaram "impressões com os primeiros viajantes", descreveu a AFP.

"Não pensamos nem por um momento que estamos a 100 metros de profundidade", observou o francês Pierre Mauroy.

"A sra. Thatcher está encantada, ela não queria sair do carro", acrescentou.

O primeiro-ministro francês, Edouard Balladur, estava mais que entusiasmado: "É um evento histórico que mudará as coisas e as mentalidades", afirmou.


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