Uma célula jihadista espanhola, já dissolvida, conseguiu se financiar fraudando o imposto sobre a venda de produtos como frango, queijo e chocolate na Dinamarca, de acordo com a investigação de um grupo de jornalistas europeus publicada nesta terça-feira.
A estrutura arrecadou pelo menos 8 milhões de euros graças a esta fraude iniciada em 2005.
O dinheiro foi usado para financiar o envio de 24 marroquinos e dois espanhóis para a Síria, Mali e Líbia, para que lutassem nesses países em nome do Estado Islâmico, segundo o jornal online El Confidencial, membro do coletivo Correctiv.
Seis membros do grupo, instalado no território espanhol de Melilla, no norte da África, foram presos em 2014, segundo informou à AFP a Guarda Civil, confirmando que a investigação judicial de suas atividades está em andamento.
Aproveitando seus contatos com jihadistas dinamarqueses, a célula articulou-se com 42 empresas, principalmente na Dinamarca, nas quais colocou seus membros ou associados em cargos de responsabilidade, detalha El Confidencial.
O grupo aproveitou as brechas na legislação europeia para não pagar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) sobre os produtos vendidos por essas empresas, graças a um mecanismo complexo de sociedades fantasmas.
De acordo com a investigação do coletivo Correctiv, da qual participaram 42 meios de comunicação europeus, esse mecanismo permite que organizações criminosas desviem cerca de 50 bilhões de euros todos os anos, em detrimento dos Estados-Membros da UE.