Jornal Estado de Minas

Novo Partido do Brexit de olho em Estrasburgo e Westminster

O eurofóbico britânico Nigel Farage, que depois de deixar em dezembro o UKIP dirige agora o novo Partido do Brexit, tem um plano de batalha claro: dizimar os conservadores nas eleições europeias e, em seguida, invadir o Parlamento de Westminster.

Duas pesquisas publicadas pela imprensa britânica no domingo apontam o seu partido, criado em fevereiro, liderando as intenções de voto para as eleições europeias, que o Reino Unido vai realizar em 23 de maio.

Uma pesquisa do escritório Opinium para o The Observer indica que o partido tem 34% das intenções de voto, muito à frente dos trabalhistas (21%) e dos conservadores (11%). Outra, da ComRes para o Sunday Telegraph, dá 27% ao Partido do Brexit, 25% ao Partido Trabalhista e 13% ao Partido Conservador.

Mais preocupante para os conservadores no poder: o Partido do Brexit os superaria, segundo outra pesquisa, em caso de eleições legislativas antecipadas, que poderiam ser organizadas em caso de moção de censura contra a primeira-ministra Theresa May.

De acordo com esta pesquisa, também da ComRes, a formação de Farage obteria 49 deputados, tornando-se o segundo partido político britânico, atrás dos trabalhistas de Jeremy Corbyn.

Descontentes com a gestão desastrosa do Brexit, os conservadores não lançaram oficialmente sua campanha para as eleições europeias, nas quais preferem permanecer discretos.

Quase três anos após o referendo em que 52% dos britânicos votaram pela saída da União Europeia, é "difícil" para os Tories fazer campanha junto a eleitores "enfurecidos", disse à AFP Ashley Fox, líder dos deputados conservadores.

Por sua vez, os trabalhistas, principal força de oposição, paga as consequências da indefinição de Corbyn sobre o Brexit e corre o risco que seus militantes eurocéticos migrem para o partido de Farage.

- Negociando com Bruxelas -

Em caso de vitória nas eleições europeias, Farage, de 55 anos, pretende "exigir que os eurodeputados do Partido do Brexit se juntem à equipe do governo britânico que negocia" com Bruxelas, disse ele à BBC no domingo.

Segundo Matthew Goodwin, cientista político da Universidade de Kent, essa nova formação "tem o potencial de ser muito mais do que um lampejo".

"Está atraindo votos de grupos específicos da sociedade - principalmente conservadores desiludidos e membros da classe trabalhadora - que se sentem muito irritados sobre o Brexit 'brando' ou porque pode não haver Brexit", disse à AFP.

Farage espera ter o mesmo sucesso de alguns dos movimentos populistas nos quais se inspira.

Assim, confidenciou ao Daily Telegraph que viu com "absoluto fascínio" o sucesso do movimento Cinco Estrelas na Itália e não esconde sua atração por Donald Trump.

Em 2016, ele foi o primeiro líder político britânico a se reunir com Trump após sua eleição para a presidência dos Estados Unidos.

E como Trump, Farage ataca a imprensa, acusada de fazer uma cobertura injusta. E até chamou a BBC de "inimiga".

Embora reconhecendo que é "tentador" para os eleitores votarem no Partido do Brexit, Fox adverte que isso "não levará a nada".

E denuncia o trabalho de Farage no Parlamento Europeu, onde é deputadoe desde 1999. "Não trabalha (...) não defende os interesses britânicos. Só faz discursos provocativos em que insulta os nossos amigos europeus".

Se vencer como as pesquisas preveem, a formação de Farage deverá lutar para se manter: de acordo com uma pesquisa YouGov publicada nesta segunda-feira, 63% dos britânicos acreditam que o Partido do Brexit "não será provavelmente um ator da política britânica em dez anos".

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