Originário da favela do Jacarezinho, casado com o jornalista americano Glenn Greenwald, Miranda, conhecido pelo ativismo LGBT, diz que fala "pelos que antes não tinham voz" em vídeo publicado no site da revista Time, onde estão resenhados os dez jovens que integram a lista bianual.
A chegada à Presidência do ultradereitista Jair Bolsonaro, em janeiro, conhecido pelos comentários racistas e homofóbicos, e a violência recorde contra homossexuais no Brasil tornam seu trabalho ainda mais relevante.
"Um homem negro, gay, favelado, cria do Jacarezinho, na capa de uma das revistas mais respeitadas do mundo como a Próxima Geração de Líderes. Vocês têm noção do quanto isso representa para mim? Só tenho a agradecer. Sigamos fortes e lutando", afirmou ele no Twitter.
"Quero ser uma ferramenta da democracia", disse Miranda à Time. As pessoas que antes não tinham voz, "agora têm, através de mim".
Seu primeiro projeto de lei defende a educação obrigatória de temas LGBTQ para políticos e professores. Também planeja enfrentar o tema da violência policial e proteção salarial dos mais pobres.
Miranda, que foi engraxate e faxineiro na adolescência, é um dos poucos negros no Congresso Nacional, embora mais da metade da população se declare negra ou parda.
Ele conheceu Greenwald, de 52 anos, na praia de Ipanema, no Rio. Ao lado do jornalista, trabalhou com o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA), o americano Edward Snowden, para publicar provas dos programas de vigilância dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
Greenwald o ajudou a concluir seus estudos e entrar na política. Em 2016, foi eleito vereador pelo PSOL, onde trabalhou lado a lado com Marielle Franco, também negra e homossexual, assassinada aos 38 anos, em março de 2018, um crime atribuído a milicianos.
Miranda era suplente do deputado do PSOL Jean Wyllys, que decidiu deixar o país em janeiro passado após receber ameaças de morte. Com sua partida, Miranda assumiu o cargo em Brasília, embora ele próprio diga ter recebido centenas de ameaças de morte, que o levaram a contratar seguranças para proteger sua família.
Entre os outros líderes escolhidos pela revista estão a ambientalista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que começou uma paralisação escolar em defesa do clima, e a atriz negra e bissexual Tessa Thompson, de 35, que defende que Hollywood seja mais inclusiva com as mulheres cineastas.
A lista completa está disponível em https://time.com/collection/next-generation-leaders/2019/