A Noruega confirmou, nesta sexta-feira (17), a mediação entre representantes do poder e da oposição na Venezuela, para resolver o conflito político que já dura quatro meses.
"A Noruega anuncia que manteve contatos preliminares com os representantes dos principais atores políticos na Venezuela, como parte de uma fase exploratória, a fim de contribuir para encontrar uma solução para a situação do país", informou o Ministério das Relações Exteriores da Noruega em um comunicado.
"A Noruega parabeniza as partes por seus esforços. Nós reafirmamos nosso compromisso de continuar apoiando a busca por uma solução pacífica para o país", acrescentou.
O presidente Nicolás Maduro celebrou o "começo das conversações", iniciadas com "o pé direito em direção à paz, à concórdia e à harmonia", e pediu ao "povo da Venezuela que avance para a pacificação".
Em discurso para 6.500 militares no estado de Aragua, Maduro destacou que a Venezuela "tem que administrar seus conflitos" e buscar soluções "pelo caminho da paz".
O líder opositor Juan Guaidó confirmou a informação, dizendo que delegados da oposição venezuelana participam de uma "mediação" da Noruega para tentar resolver a crise.
"Não há nenhum tipo de negociação", disse ele, no entanto, durante uma reunião política em Caracas.
Mais cedo, o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, havia agradecido o apoio da Noruega para um "diálogo.
"O presidente Nicolás Maduro e a Revolução Bolivariana expressam sua gratidão à Noruega e seu apoio ao diálogo pela Paz e pela Soberania", disse no Twitter
De acordo com a emissora pública norueguesa NRK, as negociações de Oslo, realizadas em um local mantido em segredo, duraram "vários dias" e as duas delegações retornaram a Caracas na quinta-feira.
De acordo com vários meios de comunicação, tais discussões teriam envolvido, do lado de Maduro, o ministro da Comunicação Jorge Rodríguez e o governador da província de Miranda, Hector Rodriguez. A oposição teria sido representada pelo ex-parlamentar Gerardo Blyde, pelo ex-ministro Fernando Martinez Mottola e pelo vice-presidente do Parlamento, Stalin Gonzalez.
Líder do Parlamento, Juan Guaidó se proclamou presidente interino em 23 de janeiro e é reconhecido como tal por cerca de 50 países. Desde então, vem tentando derrubar Nicolás Maduro, a quem descreve como "usurpador" desde a "fraudulenta" eleição presidencial de maio de 2018, que permitiu que o líder chavista permanecesse no poder.
O único objetivo de qualquer aproximação deve ser o "fim da usurpação" de Nicolás Maduro e o estabelecimento de um "governo de transição" que organizaria "eleições livres", afirmou Juan Guaidó.
Enquanto muitos Estados europeus reconheceram Guaidó como presidente interino, a Noruega se limitou a pedir novas eleições livres, uma posição percebida como uma vontade de agir como intermediária entre os dois lados.
País anfitrião do Prêmio Nobel da Paz e onde foram negociados os acordos de Oslo entre israelenses e palestinos, a Noruega tem uma longa tradição de "facilitadora" em processos de paz, especialmente no bem sucedido entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 2016.