O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (30) que não se importava com o fato de um destróier da Marinha americana ter o nome do falecido senador John McCain, seu rival político, e garantiu que não ordenou que o navio fosse escondido durante sua viagem ao Japão.
"Não sei o que aconteceu, não estive envolvido. Não fiz isso", declarou Trump aos jornalistas na Casa Branca, ao ser consultado sobre o incidente reportado pela imprensa de que o governo pediu, por ocasião da recente visita do presidente ao Japão, que o navio "USS McCain" fosse escondido de sua vista.
"Não era um simpatizante de John McCain e nunca serei", acrescentou Trump, reconhecendo que esteve com "muita raiva" do falecido senador, também do Partido Republicano, que bloqueou seus esforços em 2017 para acabar com a reforma do sistema de saúde de seu antecessor Barack Obama.
"Mas certamente não me importo se há um barco com o nome de seu pai", declarou em referência ao navio, originalmente batizado em homenagem ao avô e pai de McCain, ambos almirantes da Marinha americana, e depois também ao senador homônimo.
Mais cedo, o secretário interino da Defesa, Patrick Shanahan, que está na Ásia, já havia negado as informações.
"Jamais autorizei nem aprovei qualquer ação, ou movimento de qualquer tipo, em referência a este navio", afirmou.
"Além disso, jamais teria desonrado a memória de um grande patriota como John McCain", disse Shanahan no avião que o levava a Singapura, onde participará de uma conferência regional sobre Defesa.
O "Wall Street Journal" informou que o nome do destróier lança-mísseis "USS McCain", danificado em uma colisão em 2017, foi ocultado temporariamente após um pedido da Casa Branca.
"O 'USS John McCain' precisa ficar fora da vista", afirmou o e-mail de um comandante militar americano, ao qual o jornal teve acesso, antes da viagem presidencial.
Em reparos na base americana de Yokosuka, onde Trump pronunciou um discurso na terça-feira a bordo de outra embarcação, o navio em questão estava em uma posição de difícil deslocamento.
O nome foi, então, escondido por uma lona e os marinheiros liberados por um dia, completa o "Wall Street Journal", que cita fontes que acompanharam o caso.
A lona foi retirada por uma razão desconhecida e uma embarcação foi deslocada para bloquear a visão do navio.
"Todos os navios conservaram sua posição habitual durante a visita do presidente", garantiu à AFP um porta-voz da 7ª Frota, antes de indicar que as fotografias que mostram a lona foram feitas antes da chegada de Donald Trump.
"Não fui informado de nada que tenha a ver com o navio da Marinha 'USS John S. McCain' durante minha recente visita ao Japão", reagiu o presidente no Twitter na quarta-feira à noite.
Acusado pelo WSJ, Shanahan afirmou, inicialmente, por meio de um porta-voz, que "não estava a par da ordem de deslocar o 'USS John S. McCain', nem das razões que motivaram a ordem".
Questionado em Jacarta durante um encontro com a imprensa, ele negou que estivesse a par. "É a primeira vez que ouço falar sobre isto. Tenho que me informar um pouco mais", disse.
Ele retornou ao tema depois de deixar Jacarta e afirmou que "nunca teria faltado com o respeito aos homens e mulheres da tripulação deste navio".
O secretário disse que ordenou a seu chefe de gabinete uma investigação sobre o caso. "Os militares devem fazer seu trabalho, e seu trabalho é não interferir na política", completou.
Donald Trump e John McCain nunca esconderam o desprezo mútuo. O milionário, que foi dispensado do serviço militar, ironizou em 2015 o status de herói da guerra do Vietnã do falecido senador. McCain foi prisioneiro e torturado durante cinco anos.
Figura respeitada da política americana, McCain retirou seu apoio à candidatura de Trump na eleição presidencial de 2016.
Vítima de um câncer cerebral, McCain faleceu em 25 de agosto de 2018, aos 81 anos. Fez questão de anunciar que não desejava a presença de Trump em seu funeral.