A 53ª edição do Salão Aeronáutico de Le Bourget começou nesta segunda-feira com a assinatura de um acordo-quadro entre a França, Alemanha e Espanha sobre um ambicioso projeto de avião de combate europeu.
Um de seus maiores defensores, o presidente francês Emmanuel Macron, participou no final da manhã da apresentação do modelo de um caça do projeto de "sistema de combate aéreo do futuro" (SCAF).
A ministra francesa do Exército, Florence Parly, a alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, e a espanhola Margarita Robles assinaram então o acordo-quadro que irá "estruturar as relações entre os três país para o projeto SCAF", que pretende substituir os atuais Rafale e Eurofighter até 2040.
Este projeto é um marco no caminho tortuoso rumo a uma defesa europeia, ideia defendida por Macron, e potencial ponto de discórdia entre o Velho continente e os Estados Unidos.
"A Espanha vai se juntar à França e à Alemanha. Isso é importante porque os países europeus tendem a comprar armamento americano. Nós propomos um avião europeu para os europeus, de tecnologia independente dos EUA", comentou ao canal de televisão CNews Eric Trappier, CEO da Dassault Aviation, que lidera o projeto SCAF com a Airbus.
- Emergência climática -
As questões de emergência climática e segurança, juntamente com a crise na Boeing do 737 MAX, também prometem centrar as atenções dos profissionais de aeronáutica.
Em relação à aviação civil, esta 53ª edição acontece num contexto bastante favorável em termos de crescimento do tráfego aéreo, que deve dobrar dentro de 20 anos, até atingir, de acordo com a Boeing, 44.000 aeronaves em uso.
Mas a pressão ambiental colocará os avanços tecnológicos, em termos de sistemas de propulsão, combustíveis alternativos ao querosene, materiais de construção ou formas futuristas de aeronaves, no centro do encontro global de fabricantes do setor.
Espera-se que estes últimos redobrem seus esforços para construir aeronaves mais limpas e alcancem a meta de reduzir pela metade as emissões de dióxido de carbono (CO2) em 2050 em comparação com o nível de 2005.
O transporte aéreo contribui com pelo menos 2% das emissões globais de CO2. Segundo dados da Agência Europeia de Meio Ambiente, as suas emissões de dióxido de carbono são muito superiores às de outros modos de transporte.
Para os fabricantes, o evento, geralmente a oportunidade para a Airbus e a Boeing competirem em termos de número de pedidos, será um exercício complicado para a americana.
Executivos da Boeing reiteraram nesta segunda-feira seu ato de contrição após os dois acidentes envolvendo aeronaves 737 MAX, que mataram 346 pessoas. Todos os exemplares desta aeronave estão proibidos de voar desde março.
"Lamentamos sinceramente a perda de vidas humanas", declarou Kevin McAllister, chefe do setor de aviação comercial.
"A segurança é sagrada nesse negócio", acrescentou ele, assegurando que a Boeing está colocando tudo em prática para garantir que "esses acidentes nunca mais aconteçam".
A fabricante trabalha com as autoridades reguladoras, principalmente a dos Estados Unidos, para o retorno ao serviço do dispositivo, disse eles.
Perguntado sobre a competição com a Airbus, que anunciou o lançamento de uma versão com capacidades estendidas do seu carro-chefe A321 XLR, ele respondeu que a Boeing mantém uma família "maravilhosa" de aeronaves e que está muito confiante.
A Airbus, jogando em casa na Europa, abriu nesta segunda os anúncios de encomendas, com oito pedidos da Virgin por A330-900 ao preço de catálogo de 2,37 bilhões de dólares.
.