A China fez uma advertência nesta terça-feira contra a abertura da "caixa de Pandora" no Oriente Médio, depois que o governo dos Estados Unidos anunciou o envio de 1.000 soldados adicionais à região, em um momento de escalada da tensão com o Irã.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também pediu ao Irã que não abandone o acordo nuclear "tão facilmente", depois que Teerã anunciou que deve superar o limite de reservas de urânio em 10 dias caso as potências mundiais não cumpram com seus compromissos.
Washington aumentou a pressão sobre Teerã na segunda-feira ao anunciar a mobilização de tropas adicionais no Oriente Médio e com a publicação de novas fotografias que, segundo o governo americano, mostram que o Irã estava por trás de um ataque a um navio-tanque no golfo de Omã na semana passada.
"Estados Unidos, em particular, devem mudar sua prática de pressão extrema", declarou Wang.
A tensão entre Irã e Estados Unidos aumentou desde que Washington abandonou o acordo de supervisão do programa nuclear iraniano e incluiu em sua lista de organizações terroristas a Guarda Revolucionária iraniana.
Wang pediu ao Irã que adote "decisões prudentes" e "não abandone tão facilmente" o acordo que pretende limitar as ambições nucleares de Teerã.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou em 8 de maio que o país deixaria de observar as restrições sobre as reservas de urânio enriquecido e água pesada estabelecidas no acordo, uma medida que, afirmou, era uma represália pela saída unilateral dos Estados Unidos.
O Irã ameaça ir ainda mais longe na redução dos compromissos nucleares a partir de 8 de julho, a menos que os demais países do acordo - Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia - ajudem a República Islâmica a evitar as sanções dos Estados Unidos e, especialmente, permitam vender seu petróleo.
"A determinação da China de salvaguardar o acordo integral não mudou", disse Wang.
"Estamos dispostos a trabalhar com todas as partes para seguir com os esforços pela aplicação plena e efetiva do acordo".
Wang fez as declarações em uma entrevista coletiva ao lado do chanceler sírio Walid al Mualem.
Ao comentar o conflito na Síria, Wang Yi afirmou que a China apoia "firmemente" o país em "sua luta contra o terrorismo e na reconstrução econômica".
Na ONU, Pequim sempre votou contra ou optou pela abstenção nos projetos de sanções contra o governo do presidente sírio Bashar al Assad.
"A China sempre defendeu a solução da questão síria por meios políticos", disse Wang.