Jornal Estado de Minas

Mourão afirma que militar preso na Espanha era 'mula qualificada'

O vice-presidente Hamilton Mourão classificou como "mula qualificada" o suboficial da Aeronáutica detido na terça-feira na Espanha com 39 kg de cocaína, que integrava a comitiva de apoio à viagem do presidente Jair Bolsonaro à Ásia.

O militar, um "sargento taifeiro", função equivalente à de um comissário de voo, que presta serviços de bordo em aeronaves, foi detido no aeroporto de Sevilha e integrava a equipe avançada de Bolsonaro, que embarcou para o Japão para participar da reunião de cúpula do G20 de sexta a sábado em Osaka.

A rota de voo de Bolsonaro foi alterada e, em vez de realizar a escala prevista em Sevilha, o avião presidencial foi para Lisboa, informou a assessoria de comunicação do Palácio do Planalto, sem confirmar se a mudança de plano estivesse relacionada com a detenção.

"É óbvio que, pela quantidade de droga que o cara tava levando, ele não comprou na esquina e levou, né. Estava trabalhando como mula, como mula qualificada, digamos assim", disse Mourão aos jornalistas no palácio do Planalto.

Mais cedo, Mourão, que assumiu a presidência por conta da viagem de Bolsonaro, disse a uma emissora de rádio que o militar fazia parte do escalão avançado que deveria se unir à comitiva presidencial no retorno, apesar da assessoria de comunicação do Planalto ter informado que apenas integrava uma equipe de reserva.

Bolsonaro comentou o episódio na noite de terça no Twitter. "Determinei ao Ministro da Defesa imediata colaboração com a Polícia Espanhola na pronta elucidação dos fatos", escreveu o presidente. "Caso seja comprovado o envolvimento do militar nesse crime, o mesmo será julgado e condenado na forma da lei".

Mourão foi ainda mais enfático e admitiu que havia precedentes, sem especificá-los.

"As forças armadas não estão imunes ao flagelo das drogas (...) Não é a primeira vez que acontece, seja na Marinha, no Exército, na Aeronáutica. Agora, a legislação vai cumprir o seu papel e esse elemento será julgado pelo tráfico internacional de drogas e terá uma sentença muito pesada", disse na entrevista à Rádio Gaúcha.

O militar foi flagrado com 39 quilos de cocaína divididos em 37 pacotes em sua mala, disse à AFP uma porta-voz da força policial sevilhana.

Um porta-voz do Tribunal Superior de Justiça da Andaluzia informou que o militar passou à disposição judicial e que foi decretada "prisão provisória, comunicada e sem fiança por suposto delito contra a saúde pública".

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