Organizações de direitos humanos dos Estados Unidos abriram uma ação nesta sexta-feira contra o estado da Flórida por aprovar uma lei que, de fato, limita o direito de mais de um milhão de ex-condenados a votar neste estado chave para as eleições presidenciais de 2020.
Como esperado, a lei foi assinada nesta sexta-feira pelo governador republicano, Ron DeSantis, após ser aprovada pelos legisladores do estado em 3 de maio passado.
Imediatamente a ACLU, a maior organização para a defesa dos direitos humanos dos Estados Unidos, apresentou uma demanda com o grupo mais importante de proteção às pessoas de cor, NAACP, e o Centro e a escola de Direito da Universidade de Nova York.
"Acreditava-se que mais de um milhão de habitantes da Flórida recuperariam seu lugar no processo democrático, mas alguns políticos claramente se sentiram ameaçados por uma maior participação eleitoral", disse Julie Ebenstein, advogada do projeto do direito ao voto da ACLU.
Em novembro do ano passado, os eleitores da Flórida decidiram em um referendo o restabelecimento do direito de voto a mais de um milhão de ex-condenados, exceto assassinos ou criminosos sexuais.
A lei anterior, um vestígio das leis racistas de 150 anos atrás, negava a eles essa prerrogativa para sempre.
Críticos acusam os republicanos de querer impedir 1,4 milhão de ex-condenados que acabaram de reconquistar seu direito de voto - a maioria negros, hispânicos e pessoas com poucos recursos- consigam se registrar antes das eleições presidenciais de 2020, já que a medida estabelece que todos devem pagar suas dívidas financeiras com os tribunais, valores que podem alcançar milhares de dólares.
A questão é delicada em um estado onde as eleições são decididas por margens muito estreitas e todo voto conta. Mais ainda porque a Flórida geralmente tem um papel fundamental na decisão de quem vai para a Casa Branca, por conta do sistema eleitoral dos EUA.