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Estado de Minas

Reflorestamento poderia reduzir dois terços do carbono do planeta, diz estudo


postado em 04/07/2019 18:31

Ainda é possível ajudar a deter a mudança climática através de uma enorme campanha de reflorestamento, segundo um estudo publicado nesta quinta. Mas para isso, seria necessário cobrir uma área do tamanho dos Estados Unidos com árvores novas.

Tal esforço poderia levar à captura de dois terços das emissões de carbono do homem e reduzir seus níveis na atmosfera ao mínimo em cem anos, segundo o estudo realizado pela universidade ETH Zurich e publicado na revista Science.

A pesquisa foi a primeira tentativa de quantificar quantas árvores a Terra poderia suportar, onde plantá-las e quanto carbono poderiam absorver.

"Todos sabemos que restaurar as florestas poderia desempenhar um papel na luta contra a mudança climática, mas não tínhamos conhecimento científico sobre o impacto que isto poderia ter", disse Thomas Crowther, coautor do artigo.

"Nosso estudo mostra claramente que o reflorestamento é a melhor solução de mudança climática disponível atualmente", indica.

Os pesquisadores estudaram cerca de 80 mil fotos de satélite de alta resolução de áreas protegidas, desde a tundra ártica até a floresta equatorial, para estabelecer um "nível natural" de cobertura arbórea para cada ecossistema.

Depois usaram a tecnologia de aprendizado de máquina para identificar dez variáveis de solos e clima que determinam a cobertura arbórea em cada ecossistema, e criaram um modelo preditivo para cartografar possíveis florestamentos no mundo nas condições ambientais atuais.

O estudo concluiu que a Terra pode abrigar 900 milhões de hectares de árvores que poderiam absorver cerca de 205 mil toneladas de carbono.

Surpreendentemente, as descobertas mostram que estas árvores adicionais poderiam ser plantadas em terras de cultivo e áreas urbanas, destacando o importante papel que a agrofloresta pode desempenhar na luta contra a mudança climática.

O informe mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU indicou que limitar o aquecimento a 1,5 graus centígrados requererá até 900 milhões de hectares adicionais de floresta até 2050.

Os pesquisadores disseram que o estudo avaliou a proposta da ONU pela primeira vez, mostrando onde as árvores poderiam ser plantadas e quanto carbono poderiam capturar.

O cenário, acrescentaram, é "indubitavelmente alcançável no clima atual". Mas advertiram que é necessário agir com urgência, porque o aquecimento já está reduzindo a quantidade de terra onde poderiam ser plantadas novas florestas.

Especialistas que não participaram do estudo se mostraram céticos ante as descobertas.

"O reflorestamento pode estar 'entre as estratégias mais eficazes', mas está longe de ser 'a melhor solução disponível para frear a mudança climática', e muito longe de reduzir as emissões de combustíveis fósseis a zero", disse Myles Allen, professor de Ciências do Geossistema em Oxford.

Martin Lukac, professor de Ciências do Ecossistema da Universidade de Reading, indicou que uma das debilidades do estudo é sua dependência de um modelo otimista demais.

"Plantar árvores para absorver dois terços de toda a carga de carbono gerada pelo homem até hoje soa bom demais para ser verdade. Provavelmente porque é", disse.


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