Pelo menos 26 pessoas morreram, e 56 ficaram feridas em um ataque de islamistas shebab a um hotel da cidade portuária de Kismayo, no sul da Somália - anunciou o presidente da região semiautônoma de Jubaland, Ahmed Madobe, neste sábado (13).
De quase 12 horas de duração, o ataque começou na sexta-feira à tarde, quando um carro-bomba explodiu na entrada do Hotel Medina, um estabelecimento muito frequentado que fica no centro de Kismayo, relataram fontes de segurança.
Depois da deflagração, um grupo de homens armados entrou no hotel, onde enfrentou as forças de segurança presentes. Os shebab, que assumiram a autoria do ataque, reproduziram as mesmas técnicas usadas no episódio de Mogadíscio, a capital do país.
"Vinte e seis pessoas morreram no ataque, e 56 ficaram feridas. Entre os mortos há estrangeiros: três quenianos, um canadense, um britânico, dois americanos e três tanzanianos. Também há dois cidadãos chineses feridos", declarou o presidente Madobe em entrevista coletiva.
Em conversa com as famílias, a AFP confirmou que pelo menos quatro das vítimas tinham dupla nacionalidade.
A ofensiva shebab terminou apenas no sábado de manhã.
"As forças de segurança têm agora o controle [do hotel]. O último terrorista morreu nas mãos das forças de segurança", disse à AFP Abdiweli Mohamed, uma autoridade local de segurança.
"Achamos que quatro homens armados estavam envolvidos no ataque", acrescentou.
Segundo testemunhas, o hotel ficou destruído pela explosão e pelas balas.
"Todo o prédio está em ruínas. Havia corpos, e tiraram vários feridos lá de dentro. A polícia cercou o local", contou Muna Abdirahman, uma testemunha ouvida pela AFP.
Segundo várias fontes locais, o hotel recebia, sobretudo, empresários e políticos que estavam na cidade para prepararem as eleições presidenciais, previstas para final de agosto na região semiautônoma de Jubaland.
Um dos candidatos morreu no ataque, afirmaram autoridades locais.
Em um comunicado, os shebab reivindicaram a autoria da ofensiva lançada contra "os responsáveis apóstatas da administración de Jubaland".
Morte de jornalistas
Expulsos de Mogadíscio em 2011, os shebab perderam a maioria de seus redutos. Continuam controlando zonas rurais, porém, de onde lançam operações de guerrilha e cometem atentados suicidas, incluindo a capital, contra alvos do governo, de segurança, ou civis.
Afiliados à rede Al-Qaeda, lutam contra o governo somali, apoiado pela comunidade internacional e pelos 20 mil homens das Forças da União Africana na Somália (Amisom).
A missão dos Estados Unidos no país "condenou" este ataque e prometeu continuar trabalhando para "o combate contra o extremismo violento na Somália".
A Amisom denunciou os shebab como um grupo com intenções "criminosas, mortíferas e destrutivas", que não pode pretender lutar para a "boa administração" do país.
Em um comunicado, o Sindicato Somali de Jornalistas (SJS) anunciou a morte neste ataque de dois profissionais da categoria - Mohamed Omar Sahal e Hodan Naleyeh.
"De novo um dia triste para os jornalistas somalis", lamentou o secretário-geral da organização, Abdal Ahmed Mumin.
Segundo o SJS, são os primeiros jornalistas mortos este ano no país.
Hodan Naleyeh, cujo marido também teria morrido no ataque, havia retornado recentemente para a Somália, depois de ter vivido muito tempo no Canadá.
De nacionalidade somali e canadense, esta jornalista gozava de prestígio na diáspora de seu país natal por seu trabalho a favor da paz e da unidade na Somália. Sua morte causou forte comoção nas redes sociais.