O cantor e compositor sul-africano Johnny Clegg, que misturou ritmos zulus com estilos ocidentais, morreu nesta terça-feira (16) depois de uma longa batalha contra o câncer, informou seu empresário.
"Johnny faleceu ao lado de sua família esta tarde depois de uma batalha de quatro anos e meio contra o câncer", declarou Roddy Quinn.
Clegg, uma das vozes mais conhecidas da moderna música sul-africana, participou ativamente do movimento antiapartheid e compôs uma música em homenagem ao líder Nelson Mandela.
Músico engajado, ele encarnava a resistência a regime de segregação racial com suas canções, uma mistura de ritmos zulu e pop ocidental, e depois a reconciliação.
Por muito tempo censurado na África do Sul, fez sucesso no exterior antes de alcançar o status de astro em seu país.
Nos piores momentos do regime racista, teve suas canções proibidas.
Para evitar a censura, foi obrigado a se apresentar com seu grupo, Juluka, formado com o músico zulu Sipho Mchuno, em universidades, igrejas, albergues de migrantes e casas particulares.
"Tínhamos que nos virar para evitar a quantidade de leis que impediam qualquer aproximação interracial", disse à AFP em 2017.
Apesar de tudo, a polícia do apartheid chegou a proibir alguns de seus shows e o cantor chegou a ser detido várias vezes, acusado de violar as leis da segregação racial.
O governo racista branco não tolerava que um dos seus se inspirasse na história e cultura zulus.
No exterior, no entanto, Johnny Clegg encontrou rapidamente um público.
Sua música era revolucionária, onde os fortes ritmos zulus conviviam com a guitarra, o teclado elétrico e o acordeon.
Em 1982, o lançamento de seu álbum, "Scatterlings of Africa", o alavancou para o tipo do ranking em Grã-Bretanha e França.
Cinco anos depois, confirmou-se como um artista "político" com a canção "Asimbonanga" ("Não o vimos", em idioma zulu), um sucesso planetário dedicado a Nelson Mandela, herói da luta antiapartheid então preso em Robben Island, África do Sul.
O título foi proibido pelo governo sul-africano.
Clegg e Mandela se encontraram depois do fim do apartheid em um show em Frankfurt, Alemanha.
Johnny Clegg nasceu no Reino Unido em 1953, filho de pai britânico e mãe zimbabuana, cantora de jazz, e chegou à África do Sul aos 7 anos.