A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou nesta segunda-feira (29) o assassinato do líder indígena Emrya Wajãpi no norte do Brasil.
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Assassinato do cacique 'será devida e completamente' apurado pela PF, diz Moro'Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado', diz BolsonaroMPF afirma que não permitirá revisão de terras indígenas demarcadasO corpo de Emrya Wajãpi, chefe da tribo Wajãpi, foi encontrado na terça-feira passada em um rio, de acordo com o Conselho de Aldeias Wajãpi - Apina.
Dias depois, na sexta, cerca de 50 garimpeiros invadiram a aldeia wajãpi Yvytotõ, forçando os indígenas a fugirem para uma aldeia vizinha, a Mariry, conforme noticiado por veículos de comunicação locais.
"Este assassinato (...) é um sintoma preocupante do problema crescente da intrusão em terras indígenas - sobretudo nas selvas - por parte de mineiros, madeireiros e agricultores, no Brasil", escreveu Bachelet, em um comunicado.
"A política proposta pelo governo brasileiro de abrir mais zonas da Amazônia à exploração mineradora cria riscos de induzir a incidentes violentos, intimidações e assassinatos, como o que sofreu o povo wajãpi na semana passada", continuou.
No sábado, o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro voltou a defender a mineração na Amazônia, destacando a grande quantidade de minerais existentes na região.
Os wajãpi vivem em uma zona remota da Amazônia, rica em ouro, manganês, ferro e cobre. Desde os anos 1980, porém, seu território foi delimitado pelas autoridades para uso exclusivo dos indígenas.
"Solicito urgentemente ao governo brasileiro que aja com firmeza para deter a invasão dos territórios indígenas e lhes garantir o exercício pacífico de seus direitos sobre suas terras", completou Bachelet.
Há muito tempo, os membros das tribos amazônicas enfrentam a pressão de garimpeiros, pecuaristas e madeireiros. Militantes da causa indígena afirmam, contudo, que as ameaças contra eles se intensificaram desde que Bolsonaro, defensor dos setores comerciais e financeiros, assumiu a presidência em janeiro.
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