O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse nesta quarta-feira, 31, que o presidente Jair Bolsonaro avalia rescindir a ata diplomática assinada por autoridades do Brasil e do Paraguai com mudanças sobre a contratação da potência da Usina de Itaipu.
A revelação dos termos do documento, assinado em maio, em Brasília, gerou uma crise política no Paraguai. O presidente Mario Abdo Benítez ficou à beira de pedido de impeachment e teve que afastar quatro funcionários.
"O Brasil está aberto à discussão dos termos do acordo visando benefícios de ambos os países. O presidente Jair Bolsonaro comentou, há pouco, a sua intenção de estar aberto a essa discussão, inclusive em uma eventual renúncia do acordo (termo que significa rescindir na linguagem diplomática e jurídica)", disse o porta-voz.
De acordo com Rêgo Barros, para que uma eventual rescisão aconteça os paraguaios precisam estar dispostos a "dialogar profundamente" para que o Brasil tenha a possibilidade de "ajudar aquele país amigo sem prejudicar a nossa sociedade".
Mais cedo, Bolsonaro demonstrou preocupação com a situação do presidente do Paraguai, que é seu aliado e amigo pessoal. Ele comentou que "lá no Paraguai é muito rápido o processo de impeachment".
Em coletiva de imprensa, Bolsonaro também disse que o governo brasileiro está "resolvendo" a rusga gerada pelas tratativas fechadas com o Paraguai sobre a contratação da potência da Usina de Itaipu. "Estamos dispostos a fazer justiça nesta questão de Itaipu Binacional que lá é importantíssimo para o Paraguai e muito importante para nós também", disse, sem dar mais detalhes do que pretende fazer.
Questionado por jornalistas se o Brasil vai ceder em relação ao acordo para ajudar Abdo Benítez, Bolsonaro negou. "Não é questão de ceder. Qual o acordo lá atrás, não é meio a meio? A princípio é por ai. Algumas pequenas derivações, a gente acerta aí", declarou após cerimônia no Palácio do Planalto.
Bolsonaro contou que conversou ontem com o diretor-geral de Itaipu, general Silva e Luna, sobre o tema. "Estamos resolvendo este assunto. Pode deixar que, com toda a certeza, o Marito vai ser reconhecido pelo bom trabalho que está fazendo no Paraguai."
Após a reação negativa nos últimos dias, governo paraguaio decidiu "denunciar" a ata (termo técnico para dizer que o acordo não está mais válido) assinada em 25 de maio. O Broadcast apurou que o governo paraguaio quer que o Brasil também "denuncie" o documento.
O porta-voz da Presidência confirmou que na próxima sexta-feira haverá uma reunião entre os ministros de Relações Exteriores dos países para tratar do acordo sobre a potência a ser contratada do Brasil em Itaipu no período de 2019 a 2022. Segundo apurou o Broadcast, a ideia de integrantes do governo brasileiro é manter a essência da ata, ou seja, fazer com que o Paraguai contrate mais energia cara.
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