Dezenas de milhares de mulheres participaram nesta quarta-feira em Brasília da tradicional "Marcha das Margaridas", que este ano se transformou em um ato contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A "Marcha das Margaridas" é realizada a cada quatro anos com uma agenda de defesa do campo e de reivindicação dos direitos das mulheres.
Este ano, se transformou em um grito de denúncia contra o governo por suas políticas de flexibilização de agrotóxicos e pelos projetos de Bolsonaro de abrir terras indígenas ou zonas protegidas para a exploração mineira.
Muitas indígenas que haviam participado na terça-feira em uma manifestação para denunciar a agenda de Bolsonaro em suas terras se uniram à marcha das camponesas.
A multidão percorreu a Esplanada dos Ministérios até as proximidades do Palácio do Planalto, com cartazes em defesa da "soberania popular" e por um Brasil "livre de violência" e gritando "Lula livre".
A maioria das participantes carregava flores e usava chapéus de palha e roupas roxas, a cor que é símbolo da manifestação.
Em seus discursos, qualificaram Bolsonaro de "misógino, racista e homofóbico".
"Vivemos tempos difíceis com um governo que nos ataca continuamente (...). Estamos perdendo direitos conquistados com muita luta", disse à AFP Juliana Joucoski, uma professora de 43 anos de Curitiba .
"As mulheres estão no foco de toda a violência no Brasil", afirmou Fabiana Nascimento, que foi à concentração com margaridas de papel nas mãos.
"Precisamos dizer não a toda política de desmonte dos direitos públicos.
Mariana Lima, de 46 anos, funcionária pública em São Luís do Maranhão, disse que as políticas na área de saúde do presidente Bolsonaro desamparam as comunidades mais pobres, rurais e indígenas. "Temos que protestar para garantir nossos direitos não só como mulheres, mas como cidadãos", acrescentou.
É o terceiro protesto em Brasília em dois dias. Além das margaridas e das indígenas, na terça houve uma manifestação contra os bloqueios orçamentários na educação e a reforma da previdência.
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