Jacarta está prestes a se tornar uma ex-capital. O governo da Indonésia começará a construir sua nova capital no final de 2020 na parte oriental da ilha de Bornéu para fugir do congestionamento, da superpopulação, e do risco de Jacarta afundar. O anúncio da mudança foi feito nesta segunda-feira, 26, pelo presidente do país, Joko Widodo.
O país está apostando que uma nova capital para o país do Sudeste Asiático melhorará a riqueza entre seus 267 milhões de cidadãos - e aliviará a pressão sobre Jacarta, cidade com 10 milhões de habitantes que é o centro comercial e político da Indonésia por séculos.
Há vários motivos para a mudança. Além de estar superpopulosa, a cidade sofre com a poluição, congestionamento e também está afundando. Dois quintos de Jacarta estão abaixo do nível do mar e essa submersão é cada vez maior: cerca de 20 centímetros por ano. Isso se deve principalmente às fundações pantanosas da ilha.
Esse problema custa cerca de 100 trilhões de rupias (US$ 7 bilhões) por ano em perda de produtividade para a área de Jacarta. A nova capital será em uma área abrangendo duas regiões, North Penajam Paser e Kutai Kartanegara, na província de Kalimantan Oriental.
A nova capital fica a cerca de 1.400 km a nordeste de Jacarta, está geograficamente no meio da Indonésia e amplamente protegido dos tipos de calamidades naturais (terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas) que ocorrem em outras ilhas. A construção começará em 2021 e os escritórios do governo começarão a se mudar em 2024, junto com cerca de 1,5 milhão de empregados.
Mudança para melhorar distribuição de renda
Jokowi, como Widodo é conhecido, diz que o movimento ajudará a diminuir a disparidade de renda no arquipélago, que tem mais de 17.000 ilhas. Java é responsável por quase 60% da população da Indonésia e contribui com cerca de 58% de seu produto interno bruto.
Kalimantan é responsável por 5,8% da população e contribui com 8,2% do PIB. A ilha tem aeroportos e estradas razoavelmente bem desenvolvidos e amplo acesso à água potável. Autoridades falaram sobre a construção de uma cidade moderna, inteligente e verde, que pode servir como a "capital do século".
O custo para construir uma cidade do zero para acomodar 1,5 milhão de pessoas é estimado em 466 trilhões de rupias (US$ 33 bilhões). Os projetos serão financiados por governo, empresas estatais, empresas privadas e parcerias público-privadas.
Grupos ambientalistas se preocupam com o custo de um habitat natural já exaurido. Bornéu, lar de espécies ameaçadas de extinção, como o orangotango, perdeu 30% de suas florestas em pouco mais de quatro décadas, em grande parte para a indústria de papel e celulose e plantações de óleo de palma.
Nova capital da Indonésia
Com Jokowi lançando a nova capital como um símbolo da identidade e do progresso indonésio, o projeto fará parte de seu legado, o que significa que o orçamento provavelmente não será uma restrição. O desembolso é equivalente ao gasto anual de infraestrutura do governo, mas será distribuído por mais ou menos uma década. A Indonésia já está esbanjando, com US$ 350 bilhões gastos em projetos de infraestrutura durante o primeiro mandato de Jokowi e outros US$ 412 bilhões planejados para os próximos cinco anos.
As autoridades indonésias dizem ter se inspirado na mudança de pelo menos 30 capitais no século passado, incluindo Brasília (Brasil), Astana (Cazaquistão) e Canberra (Austrália). Por outro lado, Naypyidaw, concebido pela junta de Mianmar, permanece praticamente vazio. Embora uma nova capital normalmente abrigue prédios do governo, é raro ver um desenraizamento em grande escala de empresas privadas e da população em geral.
Especialistas dizem que Jacarta vai continuar crescendo. A população está a caminho de alcançar 35,6 milhões até 2030, ajudando a derrubar Tóquio como a cidade mais populosa do mundo.