O Brasil recusou nesta segunda-feira a ajuda dos países do G7 para combater os incêndios na Amazônia, informou Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, que aconselhou o presidente francês, Emmanuel Macron, a cuidar da "sua casa e das suas colônias".
"Agradecemos, mas talvez estes recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa", disse Lorenzoni ao portal de notícias G1, em referência ao fundo de 20 milhões de dólares para os países amazônicos anunciado por Macron durante a Cúpula do G7 em Biarritz.
"O Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio em uma igreja que é um patrimônio da humanidade e quer ensinar o quê para nosso país?! Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colônias francesas", disparou Onyx.
"O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron, que coincidentemente está com altas taxas internas de rejeição", declarou o ministro-chefe da Casa Civil.
Onyx Lorenzoni destacou ainda que o Brasil pode ensinar "a qualquer nação" como proteger matas nativas. "Aliás, não existe nenhum país que tenha uma cobertura nativa maior que o nosso".
Durante o dia, o presidente Jair Bolsonaro havia questionado "as intenções" de Macron sobre a Amazônia.
"Não podemos aceitar que um presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia, nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma 'aliança' dos países do G-7 para 'salvar' a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém", tuitou o presidente.
- Incêndios sob controle? -
Ao menos mil novos focos de incêndio foram declarados nas últimas horas na Amazônia, enquanto os aviões do Exército Brasileiro atravessaram nesta segunda-feira as grandes áreas afetadas para tentar conter as chamas que mobilizaram a atenção dos líderes do G7.
Porto Velho, capital do estado de Rondônia (norte), acordou com uma leve neblina de fumaça e cheiro de queimado trazido pelos ventos dos incêndios florestais na região, relataram jornalistas da AFP presentes no local.
Até domingo, 80.626 focos de incêndios foram registrados em todo o Brasil, 1.113 novos focos em relação ao relatório de sábado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O saldo marca um aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado.
No total, 52,6% dos focos estão localizados na região amazônica.
Mas o ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, garantiu que os incêndios na Amazônia estão sob controle após o envio de mais 2.500 militares e as chuvas que caíram em algumas regiões.
"Tem se alardeado um pouco que a situação está fora de controle, mas não está mesmo. Nós tivemos picos de queimadas em outros anos muito maiores do que neste ano aqui e pela primeira vez foi empregada uma rapidez muito boa".
"É lógico a situação não é simples, mas ela está sob controle e já arrefecendo bem. Aí, em princípio, até a meteorologia ajudou porque numa parte da Amazônia oeste hoje teve uma situação de chuvas e isso ajuda bastante".
Dois aviões-cisterna Hércules C-130 baseados em Porto Velho iniciaram suas atividades, lançando dezenas de milhares de litros de água nos pontos de incêndio.
Os dispositivos fazem parte da operação militar ordenada na sexta-feira por Bolsonaro, sob pressão interna e internacional.
Cerca de 43 mil soldados de regimentos da Amazônia estão prontos para entrar em atividade, informou Fernando Azevedo e Silva.
No Brasil, o crescente desmatamento causado a abrir espaço para as plantações ou pastagens agravou a temporada de queimadas habitual, dizem os especialistas.
O incêndio desencadeou um debate de alta tensão entre Bolsonaro e Macron, que levantou a questão da Amazônia na cúpula das maiores potências econômicas ocidentais, o G7, em Biarritz (sul da França).
O G7 concordou em repassar 20 milhões de dólares ao combate contra o fogo na Amazônia, a fim de somar mais aviões para controle do fogo.
A cúpula também acertou apoiar um plano de reflorestamento de médio prazo, que será anunciado na ONU em setembro.
O Brasil aceitou até o momento a ajuda de Israel, que ofereceu enviar um avião.