A moeda argentina continuou a cair nesta quinta-feira (29), apesar do anúncio do governo de Mauricio Macri de medidas para tentar adiar o pagamento das dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e credores privados.
O peso estava cotado a 62,33 por dólar na abertura, uma desvalorização de quase 3,50% em relação a quarta-feira.
Macri pediu calma aos mercados antes de sua abertura.
"Está nas nossas mãos contribuir para a tranquilidade, sem gerar medos e desconcerto", disse o presidente em um ato público em um estaleiro.
Ontem, o ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, anunciou que a Argentina propôs ao FMI "iniciar um diálogo para restruturar os vencimentos da dívida".
O organismo ofereceu, em 2018, um auxílio financeiro de US$ 56 bilhões, cujo pagamento começa em 2021.
A Argentina também anunciou a reprogramação das datas de vencimento de títulos com credores institucionais privados, estendendo-os por seis meses. O objetivo é desafogar a carteira de curto prazo, em uma tentativa de conter a fuga de capitais e aliviar a tensão cambial.
Um projeto de lei também será levado ao Congresso para "promover uma reestruturação voluntária dos vencimentos de capital sob jurisdição local, sem a remoção de capital, ou de juros, e com a única extensão de prazo", afirmou Lacunza na quarta.
A Argentina atravessa fortes abalos financeiros. Em duas semanas, o peso despencou mais de 20%, e o índice de risco-país superou os 2.000 pontos, após Macri sofrer um revés significativo nas eleições primárias de 11 de agosto frente ao candidato do peronismo de centro esquerda Alberto Fernández, franco favorito para as presidenciais de 27 de outubro.
"Temos 59 dias pela frente até as eleições. Eles transcorrerem da melhor maneira é minha responsabilidade como presidente, mas nunca depende apenas de um governo", afirmou Macri nesta quinta.
Esta semana, uma missão do FMI se reuniu em Buenos Aires com autoridades e depois também com Fernández e seus assessores econômicos. A agência deve avaliar se libera o desembolso de US$ 5,4 bilhões esperados para 15 de setembro.
Na noite de quarta-feira, após esses anúncios, o Fundo ratificou seu apoio à Argentina, embora tenha dito que ainda está "em processo de análise e avaliação de seu impacto".
As primeiras datas de vencimento do empréstimo do FMI são em 2021. Lacunza apontou que o diálogo com o FMI para estender os prazos vai começar no governo Macri, mas será concluído no próximo mandato presidencial, que assume em 10 de dezembro.
A Argentina está em recessão desde 2018, com 32% de pobreza e uma inflação que chegou a 25% entre janeiro e julho, uma das mais altas do mundo.