A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira planos para reverter as regulamentações que limitam vazamentos de metano, um potente gás do efeito estufa, de oleodutos e poços, embora alguns atores da indústria tenham se oposto à medida.
É a medida mais recente na longa batalha do presidente Donald Trump contra as regras de proteção ambiental, e chega semanas depois que seu governo fez mudanças fundamentais em uma lei popular de proteção da vida selvagem e autorizou novamente o uso de "bombas de cianeto" para matar animais selvagens que atacam o gado.
"A proposta da EPA cumpre a ordem executiva do presidente Trump e remove os encargos regulatórios desnecessários e duplicados da indústria de petróleo e gás", disse o chefe da agência, Andrew Wheeler, ex-lobista de combustíveis fósseis.
"O governo Trump reconhece que o metano é valioso e a indústria tem um incentivo para minimizar vazamentos e maximizar seu uso", acrescentou.
As regras provavelmente entrarão em vigor no próximo ano, após um período de comentários públicos não vinculativo.
A EPA disse que as emendas propostas economizariam entre US$ 17 e US$ 19 milhões por ano para a indústria de petróleo e gás natural, totalizando entre US$ 97 e US$ 123 milhões de 2019 a 2025.
Mas gigantes do petróleo, incluindo BP, ExxonMobil e Royal Dutch Shell, pediram a manutenção das regras atuais, introduzidas pelo antecessor de Trump, o ex-presidente Barack Obama.
A Shell prometeu reduzir seus vazamentos de metano para menos de 0,2% até 2025, disse sua presidente nos Estados Unidos, Gretchen Watkins, em comunicado compartilhado com a mídia nesta quinta-feira.
"Apesar da proposta do governo de não regulamentar mais o metano, os ativos da Shell nos EUA continuarão contribuindo para essa meta global", disse.
Questionada sobre essa oposição do próprio setor que a medida deveria estar beneficiando, Anne Idsal, funcionária da EPA, disse: "Eles não são os únicos nesse espaço em particular. Você tem empresas de pequeno e médio porte também".
"Não impedimos ninguém de ir além", disse ela.
Como o dióxido de carbono, o metano é um gás de efeito estufa que contribui para as mudanças climáticas globais.
Mas sua potência em reter o calor é cerca de 84 a 87 vezes maior que a do dióxido de carbono em um período de 20 anos, caindo para entre 28 e 36 vezes maior em 100 anos, segundo dados das Nações Unidas.