Um tribunal francês autorizou nesta quinta-feira (5) o galo Maurice a continuar cantando, rejeitando a queixa dos vizinhos que acusaram a ave de acordá-los muito cedo, uma sentença vista como uma vitória para as tradições rurais da França.
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Maurice se tornou um símbolo da resistência rural na França, onde uma petição para "salvá-lo" recebeu mais de 140.000 assinaturas.
Seu cacarejo ao amanhecer incomoda os proprietários de uma residência de veraneio na ilha turística de Oleron, no sudoeste da França, que o denunciaram na justiça por "dano sonoro".
Não é um julgamento "da cidade contra o campo. É um problema de dano sonoro. O galo, o cachorro, a buzina, a música... é um caso de barulho", sustentou o advogado Vincent Huberdeau, que representa os autores da denúncia, em audiência em 4 de julho.
A dona do galo argumentou no tribunal que nunca havia recebido queixas sobre o cacarejo de Maurice. "Os galinheiros sempre existiram. Entre 40 vizinhos, incomoda apenas dois", apontou. Para Fesseau, "o campo tem direito a seus ruídos. O galo tem o direito de cantar".
O caso de Maurice, embora anedótico, ilustra temores de que o mundo rural desapareça na França, devido ao declínio da atividade agrícola e pecuária e ao êxodo de jovens para a cidade.
Bruno Dionis du Séjour, prefeito da pequena cidade de Gajac, no sudoeste da França, publicou uma carta enfurecida para defender o "direito" dos sinos das igrejas a tocar, das vacas de mugir e dos burros de zurrar.
A alusão aos sinos se deve a uma disputa de 2018 em uma cidade na região de Doubs (leste), onde os proprietários de uma residência de veraneio reclamaram que os sinos tocavam às 07h00, muito cedo na sua opinião.