Ao menos cinco pessoas morreram por usar cigarros eletrônicos nos Estados Unidos, informaram nesta sexta-feira as autoridades de saúde, destacando que o número de pacientes com dificuldades respiratórias graves ligadas ao hábito duplicou no país.
Funcionários federais não confirmaram que marcas ou substâncias nos líquidos dos cigarros eletrônicos podem estar causando os problemas respiratórios, que já provocaram internações, comas e os óbitos.
Mas há um denominador comum frequente entre os pacientes: produtos com THC, a substância ativa da maconha, comprados no mercado negro, nas ruas ou pela Internet.
Este foi o caso de ao menos uma das duas vítimas cujas mortes foram anunciadas nesta sexta-feira pelas autoridades de saúde de Califórnia (oeste) e Minnesota (norte). Ambos tinham idade avançada e sofriam problemas de saúde.
"O paciente de Minnesota tinha mais de 65 anos e morreu em agosto, após uma internação longa e complicada", segundo a agência estadual de saúde. O homem sofria de problemas respiratórios crônicos e foi internado com uma grave lesão pulmonar, finalmente relacionada à inalação de vapores de produtos ilícitos com THC.
Na Califórnia, a Agência de Saúde Pública do Condado de Los Angeles informou sobre a morte de um paciente com mais de 55 anos que "sofria de problemas de saúde crônicos", mas cuja causa provável foi a inalação com cigarro eletrônico, segundo o chefe do órgão, Muntu Davis.
O funcionário não especificou que produto foi inalado, mas revelou que dos 12 casos de pacientes do condado que sofreram problemas após a inalação, incluindo o falecido, todos menos um "tinham o hábito de consumir produtos a base de maconha".
As outras três mortes ocorreram nos estados de Indiana, Illinois e Oregon neste verão (boreal).
O estado de Nova York suspeita de que um aditivo que contém vitamina E seja a causa das doenças. À espera de conclusões claras de análises de laboratório, as autoridades federais de saúde não confirmaram que apenas uma substância esteja envolvida.
Centenas de usuários de cigarros eletrônicos, incluindo os que usam recargas de maconha vendidas no mercado negro, sofreram graves doenças pulmonares em todo país e tiveram de ser internados em hospitais.
"Embora não saibamos quais substâncias são prejudiciais, deve-se ter em conta que, quando você usa estes produtos com outros produtos químicos, não sabe tudo que está inalando e o dano que pode causar", disse Kris Box, responsável de saúde pública em Indiana.
"Enquanto a investigação prosseguir, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda "não se usar os cigarros eletrônicos", disse Dana Meaney-Delman. "Os cigarros eletrônicos contêm muitas substâncias químicas e aditivos, e não é possível saber o que há em cada produto".
Estes problemas respiratórios são ainda mais impactantes porque aparecem de repente, em pacientes geralmente jovens e sem problemas de saúde. Em Illinois, a metade tinha menos de 19 anos.
Sean Callahan, pneumologista do hospital da Universidade de Utah e que tratou de um paciente de 20 anos, recordou que sua dificuldade respiratória era tal que ficou conectado durante uma semana em uma máquina que oxigenava seu sangue, já que os pulmões não funcionavam.
"Nunca tinha visto isto", disse Callahan à AFP. "Geralmente, os pacientes que necessitam desta máquina têm formas muito avançadas de gripe e pneumonia, ou seu sistema imunológico está muito debilitado devido ao câncer ou à quimioterapia".
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