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Estado de Minas

Trump demite John Bolton, seu assessor de segurança nacional


postado em 10/09/2019 18:25

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (10) que demitiu seu assessor de segurança nacional, John Bolton, dizendo estar em forte desacordo com muitas das posições do político veterano, muito duro a respeito de Venezuela, Cuba, Irã, Rússia e Coreia do Norte.

"Ontem à noite informei John Bolton que seus serviços não são mais necessários na Casa Branca. Estava fortemente em desacordo com muitas de suas sugestões, assim como de outros no governo, e, portanto, pedi sua demissão, que me foi entregue esta manhã", escreveu Trump no Twitter.

O presidente disse que nomeará seu substituto na próxima semana.

A notícia, conhecida dias depois de Trump revelar o cancelamento, no fim de semana, de conversas secretas com o Talibã no Afeganistão em Camp David, surpreendeu Washington.

Conhecido por seus notórios bigodes, Bolton é uma figura controversa por seu estreito vínculo com a invasão do Iraque e foi considerado um dos principais impulsionadores da abordagem dura de Trump em relação ao Irã, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Coreia do Norte.

Para Hessamedin Ashena, conselheiro do presidente iraniano, Hassan Rohani, a demissão de Bolton é um "sinal claro" de que a campanha de sanções contra o Irã é um fracasso.

"A marginalização de Bolton e sua demissão não são um acidente, mas um sinal claro da derrota da estratégia de pressão máxima dos Estados Unidos" contra o Irã, tuitou Ashena.

"Não tenham dúvidas de que temos o poder de enfrentar a política americana com relação ao Irã e de que não recuaremos nunca. O bloqueio do Irã será rompido", acrescentou.

Após o anúncio da demissão de Bolton, o barril de Brent para entrega em novembro recuou 0,3% a US$ 62,38 no mercado londrino, enquanto em Nova York, o WTI para entrega em outubro ganhou 0,8%, ficando em US$ 57,40.

A inesperada saída de Bolton ocorre em um momento especialmente tenso entre Estados Unidos e Irã. Nas últimas semanas, Trump expressou firmeza sobre o programa nuclear iraniano, mas também manifestou o desejo de negociar.

"John Bolton estava em uma linha dura contra o Irã e pressionava por mais sanções contra Teerã", disse Matt Smith, da empresa consultoria ClipperData.

"Sua destituição abre o caminho para um abrandamento mesmo que a administração Trump não queira reduzir a pressão", disse.

- Demissão ou renúncia -

Como é frequentemente o caso na presidência de Trump, a partida abrupta do conselheiro de segurança nacional parecia marcada pelo caos.

O próprio Bolton apresentou sua versão dos fatos, o que parece contradizer a do presidente.

"Eu me ofereci para renunciar ontem à noite e o presidente Trump disse: 'Vamos falar sobre isso amanhã'", tuitou Bolton de 70 anos.

Bolton foi o terceiro consultor de segurança nacional de Trump e se junta a uma série de altos funcionários que vieram e se foram durante o tumultuado primeiro mandato do empresário republicano.

Trump, que tem o hábito de anunciar grandes notícias em sua conta pessoal no Twitter, revelou a demissão por volta do meio-dia, menos de duas horas antes de coletiva de imprensa anunciada pela Casa Branca e na qual Bolton deveria participar ao lado dos secretários de Estado, Mike Pompeo, e do Tesouro, Steve Mnuchin.

- Pompeo, próximo a Trump -

O chefe da diplomacia americana aproveitou a oportunidade para reforçar seu desacordo com Bolton e insistiu em sua proximidade com Trump. "Estamos trabalhando muito próximos com o presidente dos Estados Unidos", disse Pompeo.

Na mesma coletiva de imprensa, Mnuchin assegurou que Trump manterá uma "campanha de máxima pressão sobre Teerã", apesar da disposição em se reunir com o contraparte iraniano.

Bolton, ex-embaixador americano na ONU, foi notoriamente hostil ao aceno de Trump ao líder norte-coreano, Kim Jong Un.

Pouco antes de chegar à Casa Branca, Bolton considerou "perfeitamente legítimo" que Washington respondesse às ameaças nucleares de Pyongyang "atacando primeiro".

A título de resumo, Robert Malley, presidente da organização International Crisis Group, lembrou que desde na chegada de Trump à Casa Branca, em 2017, duas vozes sussurravam em seu ouvido: uma que recomendava diplomacia e não queria conflitos e outra que pressionava pela beligerância e advertia para o risco de parecer frágil.

"Com a partida de Bolton, a segunda voz sem dúvida perdeu seu principal defensor. Isto poderia criar novas oportunidades diplomáticas em Irã, Afeganistão, Coreia do Norte e Venezuela. Espero que o presidente as aproveite", destacou.


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