Jornal Estado de Minas

De Marvel a "Mosul", irmãos Russo embarcam em uma missão global

Quando você dirige o filme com maior bilheteria de todos os tempos, também ganha o direito de impor suas condições aos executivos de Hollywood.

Depois de "Os Vingadores: Ultimato", os irmãos Russo fizeram uma pergunta que deveria soar familiar aos super-heróis da franquia de sucesso: O que fazer com todo esse poder?

"É uma ferramenta extremamente poderosa, mais poderosa do que imaginamos", disse Joe Russo, 48 anos, e o caçula dos irmãos, em entrevista à AFP no festival internacional de Toronto. "Pode ser usada de maneira positiva ou negativa".

Os cineastas explicaram que durante as intermináveis turnês mundiais para promover seus filmes da Marvel (o último, "Vingadores: Ultimato", a maior bilheteria da história do cinema) e tirar fotos com os fãs, também estavam procurando novos caminhos para explorar.

O resultado é uma lista notável de projetos de linha internacional e política para o seu novo estúdio AGBO.

- "Muita divisão" -

O primeiro filme será "Mossul", dramatização da verdadeira história da polícia de elite da província iraquiana de Nínive, que luta para recuperar sua cidade natal do jugo do grupo Estado Islâmico em 2017.

O thriller de ação, inspirado em um artigo do The New Yorker, é narrado completamente da perspectiva dos iraquianos e é falado em árabe, uma grande novidade para Hollywood.

"Era um tema pendente", disse Anthony Russo, 49 anos. "É por isso que sabíamos que este filme tinha que ser feito, porque nunca foi feito".

Também trabalham em "Dhaka", um filme sobre o sequestro de um empresário de Bangladesh, filmado principalmente na Índia; e na adaptação do anime japonês "Science Ninja Team Gatchaman" (conhecido no Brasil como G-Force/Batalha dos Planetas).

Mas a política é o fio condutor dos próximos projetos dos irmãos, que também incluem um filme sobre a epidemia de opioides em seu estado natal, Ohio.

"Vivemos em uma época em que há muita divisão, uma divisão que está sendo promovida", afirmou Joe. "Você pode olhar para si ou para a sua comunidade, e nós escolhemos a comunidade".

Sem nomear nenhum político diretamente, disseram que seria "ótimo" para o atual governo americano ver "Mossul", do qual são produtores.

"Existe claramente uma grande culpa por parte dos Estados Unidos por criar o problema no Iraque, e o EI é um resultado direto da guerra lá", disse Joe.

- Diversificação -

Tudo isso implica uma mudança acentuada em relação aos projetos anteriores dos Russo.

Os irmãos ganharam amplo reconhecimento por seu trabalho em programas cult de televisão como "Arrested Development" e "Community", mas foi depois de dirigir "Capitão América e o Soldado Invernal" em 2014 que subiram ao topo dos estúdios da Marvel.

Por enquanto, eles não têm projeto com o estúdio num futuro imediato, mas Joe destacou o esforço de seu presidente, Kevin Feige, "para diversificar o Universo Marvel, porque todos têm o direito de ver suas histórias na tela".

Assim, "Ms. Marvel" será em breve a primeira super-heroina da Marvel e de origem muçulmana, através da série de televisão da plataforma de streaming Disney+, sobre uma jovem de origem paquistanesa em Nova Jersey.

Simu Liu será o primeiro protagonista asiático com "Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings" em uma estratégia também comercial, porque apenas na China "Vingadores: Ultimato" arrecadou US$ 614,3 milhões.

"Joe e eu adoramos contar histórias globais e nossos filmes da Marvel estão entre os nossos favoritos. O cinema nos dá uma posição única para ajudar a abrir as pessoas para novas experiências e ideias", disse Anthony.

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