Dois dos principais críticos do Acordo do Clima de Paris, Estados Unidos e Brasil disseram, nesta sexta-feira (13), que vão promover o desenvolvimento do setor privado na Amazônia, onde o aumento do desmatamento e os incêndios geraram alarme mundial recentemente.
Reunidos em Washington, os principais diplomatas dos dois países prometeram avançar na cooperação estratégica, com a qual seus presidentes, Donald Trump e Jair Bolsonaro, comprometeram-se em março.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, voltou a responder às críticas europeias sobre como o governo Bolsonaro administrou os recentes incêndios na Amazônia.
"Em todo mundo, vemos algumas ideias que questionariam a soberania, no caso do Brasil, de que não podemos enfrentar os desafios ambientais. Não é certo, e nossos amigos nos Estados Unidos sabem que não é certo", disse Araújo, após se reunir com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
Para o Brasil, afirmou Araújo, é possível proteger a Amazônia apenas gerando desenvolvimento. Segundo ele, a associação com os Estados Unidos é crucial para isso.
"Queremos estar juntos no esforço de criar desenvolvimento para a região amazônica, o qual estamos convencidos de que é a única forma de proteger realmente a selva. Precisamos de iniciativas, novas iniciativas produtivas, que gerem empregos, que gerem renda para as pessoas na Amazônia. E ali é onde nossa associação com os Estados Unidos será muito importante para nós", acrescentou.
Pompeo prometeu ampliar o intercâmbio comercial entre Estados Unidos e Brasil, que hoje representa 100 bilhões de dólares anuais.
"Este mês, equipes brasileiras e americanas vão avançar no compromisso que nossos presidentes fizeram em março para um fundo de investimento de impacto de 100 milhões de dólares por 11 anos para a conservação da biodiversidade amazônica. Esse projeto será liderado pelo setor privado", afirmou.
Funcionários americanos disseram que o fundo busca apoiar investimentos em setores de alto risco e de difícil acesso da Amazônia para estimular negócios bem-sucedidos que estejam alinhados com a conservação das matas e da biodiversidade.
Ao anunciar o projeto em março, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) ressaltou que ambos os países buscam o "desenvolvimento econômico responsável" na região.
Bolsonaro e Trump atacaram os esforços internacionais para lutar contra a mudança climática, dizendo que ignoram os interesses das empresas.
No final de agosto, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfureceu Bolsonaro ao colocar a ideia de internacionalizar a preservação da Amazônia, caso o Brasil não consiga garanti-la.
O presidente rebateu a proposta de Macron, afirmando que ele tem uma "mentalidade colonialista".
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