O informante americano Edward Snowden, refugiado na Rússia depois ter denunciado a vigilância maciça por parte dos Estados Unidos, disse que gostaria de voltar a seu país, mas quer um "julgamento justo", segundo uma entrevista divulgada nesta segunda-feira pela rede CBS.
"Gostaria de voltar aos Estados Unidos, é meu principal objetivo, mas não vou passar o resto da minha vida na prisão", declarou. "Tenho uma reivindicação de base sobre a qual temos que nos colocar de acordo: que é a de um julgamento justo".
Empregado na agência americana de inteligência NSA, Snowden revelou em 2013 a existência de um sistema de vigilância mundial de comunicações e de internet.
Enquanto que seus defensores o elogiam por defender a privacidade, os Estados Unidos o acusam de espionagem, roubo de segredos de Estado e pôr em risco a segurança nacional.
Ele se refugiou em 2013 na Rússia, onde seu visto de residência foi renovado até 2020.
"Não estou pedindo perdão. Não estou pedindo um passe", disse. E acusou as autoridades americanas de prever "um julgamento de outro tipo" com "procedimentos especiais".
"Não querem que o juri considere as motivações que me incentivaram a agir (...) Apenas querem que analise se minhas ações foram legais ou ilegais, e não se foram justas ou ruins", lamentou.
"Não é difícil construir um terreno para dizer que violei a lei", reconheceu Snowden. Mas segundo ele "isso é o menos interessante" e os juízes deveriam se perguntar sobre as consequências de suas ações: "Beneficiaram ou afetaram os Estados Unidos?"
Snowden publicará em 17 de setembro suas memórias em cerca de vinte países, entre eles Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Brasil e Taiwan.
O livro, intitulado "Permanent Record" (Registro permanente), será publicado no mundo todo pela Macmillan Publishers.