A temperatura mundial média de 2015 a 2019 caminha para se tornar a maior de qualquer período de cinco anos já registrado na história, anunciou a ONU na véspera de uma reunião de líderes mundiais sobre o clima.
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Jovens se reúnem na primeira cúpula do clima e cobram atitude dos governos'Greve pelo Clima' leva milhares de pessoas às ruas de pelo menos 150 paísesExpedição científica internacional vai ao Ártico estudar o climaSuíços fazem funeral em montanha para geleira que derreteuOs últimos dados confirmam a tendência dos quatro anos anteriores, que já foram os mais quentes desde 1850, quando a temperatura média mundial começou a ser registrada. Julho de 2019, quando várias ondas de calor afetaram a Europa, foi o mês mais quente da história.
Mas há disparidades regionais: os polos esquentam mais rápido e as zonas costeiras são ameaçadas antes de outras regiões. "Os efeitos da mudança climática não são sentidos de maneira igual", afirma o cientista chefe da agência meteorológica britânica, Stephen Belcher.
"Alguns países sentem alguns efeitos, como ondas de calor mais intensas ou inundações mais graves, mais cedo que outros", completa. O relatório, publicado dois dias depois das grandes manifestações de estudantes pelo clima em todo o planeta e na véspera do encontro de líderes mundiais em Nova York para a Assembleia Geral anual da ONU, faz um balanço da falta de ação dos Estados para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
E os cientistas são até "conservadores", afirmou uma das coordenadoras do estudo, Leena Srivastava. Na realidade, os governantes "devem agir com muito mais urgência", ressaltou ao apresentar o relatório neste domingo.
- Sem recuo nas emissões -
A lista de notícias ruins sobre o estado do planeta é longa e está detalhada no documento da OMM. Os cientistas afirmam que aumento do nível dos oceanos acelera e o ritmo subiu na última década a quatro milímetros por ano, em vez de três, em consequência do derretimento acelerado das calotas polares no Norte e Sul, algo confirmado por diversos estudos e análises de satélite.
As indústrias de carvão, petróleo e gás prosseguiram com seu avanço em 2018. As emissões de gases do efeito estufa também aumentaram e em 2019 serão "no mínimo tão elevadas" quanto no ano passado, preveem os cientistas que coordenaram o relatório.
A concentração de CO2 na atmosfera deve alcançar um novo recorde no fim do ano, 410 partículas por milhão, de acordo com dados preliminares.
"É como receber uma conta de cartão de crédito depois de cinco anos de gastos sem pagar", escreveu. E seguindo com a metáfora bancária, ele completa: "Alcançamos o máximo mundial de nosso crédito de carbono. Se as emissões não começarem a cair, o preço será infernal".
No atual estágio dos compromissos dos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, o planeta ficará de 2,9ºC a 3,4ºC mais quente até 2100.
Os cientistas consideram que os esforços de luta contra o CO2 dos países devem ser multiplicados por cinco para conter o aquecimento global a 1,5ºC, como prevê o Acordo de Paris de 2015. Ou no mínimo por três para conter o aumento da temperatura a 2ºC, o limite máximo estipulado pelo acordo.
"A brecha nunca foi tão grande entre o que o mundo deseja alcançar e a realidade climática dos países", destaca o documento. Esta é a brecha que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, quer abordar na reunião sobre o clima convocada para segunda-feira, que deve reunir quase 60 governantes. Guterres acredita que diversos líderes devem prometer alcançar a neutralidade em carbono até 2050.
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