O príncipe Harry e sua esposa, Meghan, iniciaram nesta segunda-feira (23) uma viagem de dez dias pela África Austral, denunciando em uma comunidade carente da Cidade do Cabo a violência contra as mulheres.
O duque e a duquesa de Sussex chegaram ao meio-dia à sul-africana Cidade do Cabo (sudeste) com seu bebê, Archie, de quatro meses, em sua primeira visita oficial em família. Embarcaram em um voo comercial, depois de terem sido criticados recentemente por suas viagens em jato privado.
Assim que chegaram, Harry e Meghan seguiram, sem o filho, para a comunidade de Nyanga, onde visitaram uma academia de autodefesa para jovens mulheres.
A violência contra as mulheres causa estragos na África do Sul, país onde são registrados 100 casos de estupro por dia e onde 30 mulheres foram mortas por seus companheiros no mês de agosto. Na semana passada, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou um plano de emergência.
"Queria garantir que a primeira visita em família [...] se concentrasse nos desafios importantes que milhões de sul-africanos têm de enfrentar", declarou Harry, que foi recebido em Nyanga com cânticos, dança e cartazes onde se liam frases como "Tenho direito a viver em paz", ou "Unidos pelos direitos das crianças".
"Para aprofundar o que seu presidente disse na semana passada, nenhum homem nasceu para ferir as mulheres [...] Esse ciclo deve se romper", acrescentou.
"Trata-se de redefinir a masculinidade [...] A mudança chega", afirmou o príncipe.
Muito sorridente, sua esposa afirmou que "o direito das mulheres e das jovens" é uma das causas que mais lhe interessam.
- "Como uma irmã" -
"Quando se valoriza as mulheres, é a comunidade inteira que floresce", acrescentou a duquesa, que se apresentou como "uma mãe, uma esposa, uma mulher, uma mulher de cor e uma irmã".
Durante esta viagem de dez dias, o príncipe também irá a Botsuana, Angola e Malauí, enquanto sua esposa ficará com Archie na África do Sul para outros compromissos.
O casal visitará o museu do Distrito 6, um bairro da Cidade do Cabo de onde 60.000 moradores negros foram expulsos nos anos 1970 e relegados às "favelas". Foi somente em 1994 que o regime racista do Apartheid caiu oficialmente.
O ápice de sua estada na Cidade do Cabo será o encontro, na quarta-feira, com o Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu, um dos grandes nomes ligados à luta contra o Apartheid e amigo próximo do primeiro presidente sul-africano negro, Nelson Mandela.
A partir de quinta-feira, o príncipe segue sozinho sua viagem pela região.
Em Botsuana, onde vive um terço dos elefantes selvagens do continente, Harry se dedicará à proteção da fauna.
Famoso por seus safáris de luxo, o país é um lugar muito apreciado pelo jovem casal.
Em 2016, "consegui convencê-la [Meghan] a vir me encontrar em Botsuana. E acampamos sob as estrelas", contou Harry à rede BBC, quando formalizaram seu compromisso.
O príncipe também irá a Angola, onde seguirá os passos da mãe, Diana. Durante viagem a este país em 1997, Lady Di havia se comprometido com a luta contra as minas antipessoais. Meses depois, aconteceria o trágico acidente de carro com a princesa em Paris.
Na agenda do príncipe Harry, está prevista a visita a um programa de retirada de minas em Huambo (centro-oeste) e a um hospital ortopédico.
Durante os 27 anos da guerra civil (1975-2002) no país, foram espalhadas mais de um milhão de minas antipessoais no território.
Depois de um encontro com o presidente de Angola, João Lourenço, em 28 de setembro, o príncipe Harry continuará sua viagem pelo Malauí para visitar programas de saúde e de combate à caça ilegal.
O duque e a duquesa de Sussex concluem sua visita em 2 de outubro, na África do Sul. Lá, reúnem-se com Graça Machel, a viúva de Nelson Mandela, e com o presidente Ramaphosa.