Quase 2.000 pessoas foram detidas no Egito, no que pode ser a maior operação no país desde a destituição em 2013 do presidente islamita Mohamed Mursi, denunciou nesta sexta-feira a ONG Human Rights Watch (HRW).
As autoridades também bloquearam ou interromperam vários serviços e sites de internet, de acordo com ONG, após os protestos e manifestações crescentes dos últimos dias contra o governo do presidente Abdel Fattah al Sisi.
"Advogados dos detidos indicaram nas redes sociais que as forças de segurança prenderam de forma arbitrária muitas pessoas que simplesmente estavam 'no lugar errado na hora errada' ou por possuir conteúdos críticos em seus telefones celulares", afirma a HRW.
As detenções e restrições na internet "parecem destinadas a dissuadir os egípcios das manifestações", declarou Sarah Leah Whitson, diretora para da HRW para o Oriente Médio.
Entre as quase 2.000 pessoas detidas estão 68 mulheres e um número indeterminado de menores de idade, segundo a ONG.
Os detidos foram acusados de "unir-se a um grupo terrorista", "manifestação sem autorização" ou "divulgação de notícias falsas".
As detenções coincidem com a convocação do empresário egípcio Mohamed Aly, exilado na Espanha e que estimula os protestos, para novas manifestações nesta sexta-feira.
Os protestos que pedem a renúncia do presidente foram dispersados em algumas cidades com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Sisi liderou o golpe que em 2013 derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi e venceu em 2014, com ampla maioria, as eleições praticamente sem oposição.
Sob o regime do general Sisi, as autoridades adotaram uma política de repressão dos dissidentes, com a detenção de milhares de islamitas, assim como de ativistas laicos e bloqueiros famosos
Na segunda-feira, o presidente americano Donald Trump chamou Sisi de "grande líder", que restaurou a "ordem" no Egito, durante uma reunião na ONU em Nova York antes da Assembleia Geral.
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