Dirigentes e internautas iraquianos expressaram indignação neste sábado, depois que o premier afastou o general Abdel Wahab al-Saadi, considerado o herói da retomada de Mosul e que dirigia as unidades contraterroristas, criadas e equipadas pelos Estados Unidos.
Segundo analistas, a decisão, para a qual o chefe do Executivo não apresentou nenhum motivo, é um exemplo das divisões no país, onde dirigentes se acusam de submissão a potências estrangeiras, entre elas Estados Unidos e Irã.
Uma fonte do governo afirmou à AFP que dois chefes influentes da milícia Hashed al-Shaabi ligados ao Irã teriam pressionado pessoalmente para que o general fosse afastado, uma vez que o grupo xiita "age sem o controle do Estado e seu único obstáculo são os serviços de contraterrorismo". "A ideia é substituí-lo por um dirigente próximo do Irã", assinalou a fonte.
O especialista em ciência política Ghaleb al-Shabanar considera que afastar o general Saadi "representa o início do desmembramento do Exército, para deixá-lo, depois, nas mãos da Hashed al-Shaabi e de suas facções armadas".
Com a hashtag "Somos todos Abdel Wahab al-Saadi", foram feitos vários pedidos no Twitter de manifestações contra esta decisão em Basra, Bagdá ou Mosul, onde uma estátua foi construída em homenagem ao general.
Internautas compartilharam fotos e vídeos em que Al-Saadi, considerado um herói, aparece durante combates ou ajudando civis. "Ele ganhou a simpatia das pessoas e o ódio dos políticos", afirmou um internauta. "Não há lugar para patriotas neste país", lamentava outro usuário.
Al-Saadi comandou as tropas que recuperaram cidades emblemáticas do Iraque, como Tikrit, Falujah e Mosul. Segundo o especialista em grupos jihadistas Hisham al-Hashemi, "enquanto a guerra contra o Estado Islâmico continua, esta decisão reforça o moral do inimigo e enfraquece a confiança dos iraquianos no Exército".
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