O presidente americano, Donald Trump, descreveu nesta quarta-feira, 9, como uma "má ideia" a ofensiva lançada pela Turquia no nordeste da Síria contra combatentes curdos. Pela manhã, caças bombardearam posições curdas e tanques realizaram incursões na fronteira. Ao menos sete civis morreram, segundo levantamento de ONGs que monitoram o conflito na Síria.
"Esta manhã, a Turquia, membro da Otan, invadiu a Síria. Os Estados Unidos não apoiam esse ataque", disse Trump em um breve comunicado, três dias depois de anunciar a retirada das forças armadas dos EUA do norte da Síria.
O presidente americano também pressionou o líder turco, Recep Erdogan, a evitar que a operação beneficie indiretamente combatentes do Estado Islâmico na Síria.
"A Turquia é responsável por garantir que todos os combatentes do grupo do Estado Islâmico (IS) detidos permaneçam na prisão e que o EI não volte a se organizar de forma alguma", disse Trump.
O líder republicano anunciou no domingo a retirada de tropas americanas de setores próximos à fronteira com a Turquia no norte da Síria, deixando as forças curdas que colaboraram com Washington contra o EI à mercê da ofensiva militar turca.
Essa operação, a terceira da Turquia na Síria desde 2016, abre uma nova frente em um conflito que deixou 370 mil mortos e milhões de deslocados desde 2011.
Erdogan ameaça limpar a região
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, escreveu em sua conta no Twitter que a operação vai "limpar a região dos terroristas que ameaçam sua segurança". Segundo Erdogan, há um corredor terrorista na fronteira que precisa ser eliminado. Com o auxílio de rebeldes sírios que se opõem ao regime de Bashar Assad, os turcos bombardearam a cidade de Ras al-Ain por seis horas.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos confirmou a morte de ao menos sete pessoas nos ataques. Segundo os curdos, a cidade tem "grande concentração de civis" e houve "imenso pânico" durante os bombardeios. Antes da ação, os militares lançaram ataques aéreos na fronteira entre Síria e Iraque, em uma região usada pelos curdos para fortalecer suas posições na frente de batalha.
Temor de combate de grandes proporções
Os dois lados já montaram posições de artilharia, antecipando um combate de grandes proporções. As milícias curdas foram responsáveis pela expulsão do Estado Islâmico do Iraque e do norte da Síria e são um importante aliado americano na Guerra Civil no país.
A Turquia, que, assim como os EUA, é aliada de uma parte dos rebeldes que combatem Assad, considera os curdos terroristas que ameaçam sua segurança. O presidente Recep Erdogan prometeu eliminá-los ao anunciar a ofensiva.
As milícias são vistas como inimigas de Erdogan por sua ligação com os grupos curdos que buscam a independência na Turquia. Um deles, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, está envolvido em um longo e violento conflito no país desde o final dos anos 1978, que deixou mais de 40 mil mortos.
Erdogan planejava ofensiva contra curdos
O avanço já fazia parte dos planos do governo turco mesmo antes da decisão de Donald Trump. Há cerca de duas semanas, o presidente Recep Tayyip Erdogan levou à Assembleia Geral da ONU um mapa do que seria a sua visão para o norte da Síria.
Segundo ele, os territórios hoje em poder dos curdos, na região da fronteira, seriam tomados por forças turcas com o objetivo de realocar parte dos mais de 3,6 milhões de refugiados sírios hoje vivendo na Turquia./ COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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