O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, qualificou de "vitória" a entrada do seu país, nesta quinta-feira, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para o período 2020-2022, um fato que coincidiu com a libertação de 24 opositores.
"Vitória na ONU! Com 105 votos, a Venezuela ingressa como país livre e soberano no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Acima das ameaças triunfou nossa diplomacia bolivariana de paz e livre autodeterminação dos povos", celebrou Maduro no Twitter.
Já o líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, declarou que a "ditadura" recebeu uma cadeira "manchada de sangue", ao denunciar o assassinato do vereador opositor Edmundo "Pipo" Rada, encontrado morto nesta quinta-feira em Caracas.
"No mesmo dia em que um sistema da ONU permite que uma ditadura como a de Maduro se sente em uma cadeira banhada de sangue produto da violação dos direitos humanos, assassinam Edmundo Rada", disse Gauidó em entrevista coletiva.
Duas cadeiras estavam disponíveis para a América Latina e além da Venezuela, com 105 votos, foi eleito o Brasil, com 153 votos. Costa Rica, com 96 votos, não conseguiu uma vaga no Conselho de Direitos Humanos.
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, afirmou que trata-se de uma "vitória histórica" obtida apesar da "campanha feroz" e "brutal" do governo dos Estados Unidos e de seus "subordinados".
"Estamos realmente orgulhosos com o ingresso da Venezuela, pela terceira vez, no Conselho de Direitos Humanos" da ONU, disse Arreaza em mensagem na TV estatal.
Durante o anúncio da libertação de 24 opositores, o procurador-geral, Tarek William Saab, celebrou a votação como um "importante sucesso".
Um relatório da Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet, revelou em julho que o governo venezuelano reportou 5.287 mortes por "resistência à autoridade" em 2018, e outras 1.569 entre 1º de janeiro e 19 de maio de 2019. Muitos destes casos, segundo Bachelet, podem constituir execuções extrajudiciais.