O príncipe Harry e sua esposa, Meghan, falaram abertamente na televisão sobre os problemas que atravessam como membros da família real britânica, desde o distanciamento com William até a dura pressão a que se sentem submetidos pela imprensa.
Harry, de 35 anos, é há tempos alvo de rumores sobre relações cada vez mais distantes com seu irmão, William, de 37.
Em um documentário rodado durante a recente viagem do casal pela África Meridional e divulgado no domingo à noite (20) pelo canal ITV, ele reconheceu que, "inevitavelmente, coisas acontecem", devido à pressão imposta por seus papéis como membros da realeza.
"Somos irmãos. Sempre seremos irmãos. Seguimos, sem dúvida, por caminhos diferentes neste momento, mas sempre estarei ali para ele, assim como sei que ele estará sempre ali para mim", acrescentou. "Como irmãos, já sabem, há dias bons e dias ruins", reconheceu.
Depois de se mudar do Palácio de Kensington, onde viviam com William e Kate, Harry e Meghan se afastaram em junho da fundação que ambos os casais compartilhavam. A mudança disparou especulação sobre as tensões entre os dois filhos do príncipe Charles e da falecida Lady Di, alimentadas por uma relação entre suas esposas que não seria das melhores.
Com lágrimas nos olhos, a ex-atriz americana, duquesa de Sussex desde que se casou com Harry em 2018, reconheceu, na mesma entrevista, que este ano foi "difícil" para ela. Ela se referiu à pressão da mídia, em um momento em que se sentia "vulnerável" pela gravidez e, na sequência, pelo nascimento de seu filho, Archie, há seis meses.
"Poucas pessoas perguntaram como eu estava", desabafou Meghan, de 38, visivelmente abalada.
"Quando conheci aquele que seria meu marido, meus amigos estavam realmente contentes porque eu estava feliz, mas meus amigos britânicos me disseram: 'tenho certeza de que é genial, mas você não devia fazer isso (se casar), porque os tabloides britânicos vão destruir a sua vida'", contou Meghan.
- "Na defensiva" -
No início do mês, o casal anunciou que lançaria uma ofensiva judicial contra vários jornais sensacionalistas britânicos por publicarem sem autorização uma carta de Meghan para o pai, com quem mantém uma relação delicada, e por tê-los submetidos a grampos telefônicos.
Depois do casamento, a imprensa britânica acolheu bem Meghan, ressaltando sua espontaneidade e desenvoltura, além de elogiar sua defesa das mulheres e suas ações beneficentes com imigrantes.
Depois, porém, a americana se tornou alvo de críticas por seu suposto comportamento difícil, após uma série de demissões do pessoal da Casa Real. Chegou a ser apelidada de "duquesa caprichosa". Ela também foi alvo de ataques nas redes sociais por suas raízes afro-americanas.
"Infelizmente, minha mulher se tornou uma das últimas vítimas da imprensa sensacionalista britânica que lança campanhas contra as pessoas sem pensar nas consequências", denunciou Harry à época.
Ele afirma que sua esposa está sendo assediada pela imprensa como sua mãe foi. A princesa Diana faleceu em agosto de 1997, em um acidente de carro em Paris, quando era perseguida por um grupo de paparazzi.
O diretor do documentário, Tom Bradby, contou ao jornal "The Times" ter encontrado o casal "abalado, um pouco na defensiva" e, "às vezes, totalmente assoberbado" pela pressão.
Registrados durante a viagem pela África, um continente onde a vida não é fácil, e no momento em que o Reino Unido enfrenta o caos pelas incertezas sobre o Brexit, os lamentos de Harry e Meghan levantaram duras críticas.
"Se a vida real é tão insuportável e intolerável, talvez devessem renunciar às suas funções", afirmou a jornalista Jan Moir no "Daily Mail".
Já sua colega Camilla Tominey, do "Daily Telegraph", comentou que 2019 começa a "parecer um annus horribilis" para a família real, comparando o documentário da ITV a uma emocionante entrevista dada por Diana à rede BBC, em 1995, pouco antes de seu divórcio.