Jornal Estado de Minas

Hollande lamenta vitória de 'quem não queríamos' na Síria

O ex-presidente francês François Hollande lamentou que a Síria caminhe para a "vitória de quem não queríamos ver triunfar", de Bashar al Assad a Recep Tayyip Erdogan, passando por Vladimir Putin.

Em entrevista concedida nesta segunda-feira à AFP, Hollande questionou "o que ocorreu nesta, talvez, a última etapa do conflito sírio?!" "A vitória de quem não queríamos ver triunfar: o regime de Bashar, Turquia, que na realidade quer expulsar os curdos, que são nossos aliados, e de Vladimir Putin, que é o pacificador e ao mesmo tempo tem soldados lá, assim como os iranianos, para proteger e salvar o regime de Bashar al Assad".

"Durante este tempo, a coalizão ocidental, que havia tentado justamente erradicar o Daesh (Estado Islâmico) com o apoio dos curdos, vê seu aliado hoje sendo esmagado, afastado das zonas que controlava, e vê o seu inimigo, neste caso o Daesh, retomar eventualmente os jihadistas que serão libertados dos campos".

O ex-presidente socialista considerou que "estamos diante de uma questão importante para o futuro da OTAN: como confiar em um presidente americano, Donald Trump, que deu sinal verde a Erdogan para intervir na Síria, que proclama um pseudo cessar-fogo, um falso cessar-fogo, que simplesmente permitirá a instalação dos russos e que os turcos controlem os territórios que queriam?".

"Chegou o momento para as explicações de Donald Trump" sobre as "contradições" surgidas em várias crises (comercial, diplomática...) entre "os interesses americanos e os nossos".

"Como se pode deixar que Donald Trump, membro da Aliança Atlântica, e em teoria de um país que pode intervir para proteger a Europa, questione nossos próprios interesses?!", perguntou Hollande em referência à situação no Oriente Médio, na Síria e na disputa comercial entre Estados Unidos e Europa.

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