A Argentina decide, neste domingo (27), quem será o novo presidente do país. Em disputa acirrada, o candidato peronista de centro-esquerda, Alberto Fernández, é tido como favorito contra o presidente liberal Mauricio Macri, considerado um amigo dos mercados financeiros, que acompanham de perto a votação.
"No domingo, com a votação, temos que começar a virar a página ofensiva que começou a ser escrita em 10 de dezembro de 2015 (quando Macri venceu a eleição)", disse Fernandez durante a cerimônia de encerramento da campanha na quinta-feira, ao lado da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), sua companheira de chapa.
Perfis
Se as pesquisas forem confirmadas, Fernández, um advogado de 60 anos, vencerá no primeiro turno: basta obter mais de 45% dos votos ou mais de 40% e exceder seu rival em mais de 10 pontos. Caso contrário, o segundo turno será em 24 de novembro.
A votação começou às 8h locais em um dia cinzento em Buenos Aires, com previsão de tempestades em diferentes partes do país. As urnas fecham às 18h. Os primeiros resultados começar a sair às 21h.
"Podemos ter que esperar até a apuração definitiva para saber exatamente o que aconteceu com as eleições", alertou o chefe de gabinete Marcos Peña em uma entrevista coletiva.
No último mes, Macri concentrou seus esforços em conquistar votos de indecisos e as abstenções para tentar levar o pleito ao segundo turno.
Seus simpatizantes alertam que pode haver surpresas, já que não houve pesquisas após a enorme manifestação de apoio ao presidente no sábado em Buenos Aires.
"Mauricio Macri ficou longe de ser perfeito, mas teve todas as boas intenções (...), e a última coisa que queremos é voltar ao passado. Doze anos de kirchnerismo não ajudaram, somos um país fracassado", lamentou Tomás Villar, estudante de ciência política de 23 anos.
A eleição de Macri em 2015 foi vista como um marco do retorno de governos liberais à América Latina, após anos de domínio da esquerda.
Essas eleições ocorrem em meio a um forte clima de agitação social na região, com grandes protestos questionando os governos no Chile, na Bolívia, no Equador e no Haiti.
Macri, um engenheiro também de 60 anos, deixa seu mandato com o país na pior crise econômica desde 2001, com alta inflação (37,7% em setembro) e aumento da pobreza (35,4%).
Fernández, que no início de agosto obteve 49% dos votos contra 32% de Macri, estava relaxado neste domingo e antes de votar, passeava com seu cachorro, Dylan, que se transformou em um personagem de campanha, com suas próprias contas no redes sociais.
"Temos que ficar calmos, aproveitando esse dia de felicidade em que nós, argentinos, votamos", afirmou.