Os deputados britânicos rejeitaram nesta segunda-feira (28) a antecipação das eleições legislativas para 12 de dezembro, conforme solicitado pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, horas após a União Europeia (UE) concordar em adiar o Brexit até 31 de janeiro.
Com 299 votos a favor e 70 contra, a proposta não obteve dois terços dos votos necessários para passar, embora o premiê britânico não desista e já tenha anunciado a apresentação de uma medida semelhante na terça-feira, que exigirá maioria. simples.
O líder conservador perdeu a maioria mantida por seu governo em Westminster, de modo que novas eleições lhe permitiriam retomar uma margem de manobra, especialmente quando as pesquisas o colocam à frente da oposição trabalhista liderada por Jeremy Corbyn.
Os trabalhistas exigiram que o temido cenário de um Brexit sem acordo fosse removido na próxima quinta-feira para apoiar a antecipação das eleições e, apesar do fato de a UE ter aprovado uma prorrogação "flexível" que ainda precisa ser formalizada, o principal partido da oposição disse não.
"Não podemos confiar neste primeiro-ministro", disse Corbyn, depois que Johnson tentou aumentar a pressão sobre seu Parlamento, pedindo à UE, na carta em que ele aceitou a prorrogação até 31 de janeiro, que não conceda nenhuma outra além dessa data.
Na sua carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, Johnson pede que, se o "Parlamento resistir" e rejeitar a sua antecipação eleitoral, os seus 27 parceiros europeus indicam claramente que outro adiamento após 31 de janeiro não é possível".
O chefe do governo britânico tenta transferir para Westminster a culpa pela permanência do Reino Unido no bloco três anos após o referendo do Brexit.
"Esta casa não pode mais manter este país como refém. Milhões de famílias e empresas não podem planejar o seu futuro", disse Johnson, que anunciou a apresentação da nova iniciativa para realizar eleições antecipadas em 12 de dezembro.
Apesar da rejeição do Partido Trabalhista, dois partidos da oposição e europeus, os nacionalistas escoceses do SNP e os liberais-democratas, podem apoiar um avanço eleitoral na terça-feira, mas, a partir de 9 de dezembro, para evitar a adoção da lei do Brexit antes as eleições.
- Prorrogação flexível -
Os parlamentares já atrapalharam no passado os planos eleitorais de Johnson, que teve uma vitória de pirro na semana passada em um Parlamento que apoiou o acordo com a UE, mas se recusou a tramitá-lo com urgência.
Os europeus, cansados da saga política do Brexit no Reino Unido, aceitaram nesta segunda-feira de manhã um adiamento de até três meses que será formalizado "terça ou quarta-feira", de acordo com uma fonte europeia.
Essa prorrogação "flexível" prevê que o Reino Unido possa deixar o bloco antes de 31 de janeiro, no final de novembro ou dezembro, desde que a ratificação seja concluída, de acordo com o projeto de decisão ao qual a AFP teve acesso.
O negociador europeu Michel Barnier disse estar "muito feliz" pela decisão tomada pelos embaixadores, que na sexta-feira havia decido adiá-la à espera da votação em Westminster sobre as eleições.
No entanto, os contatos continuaram durante o final de semana. Johnson falou neste domingo com o presidente francês, Emmanuel Macron, que nos últimos dias manteve a posição mais dura na UE sobre uma longa prorrogação.
"As condições da extensão foram detalhadas e reforçadas, especialmente sobre o caráter não renegociável do acordo", assegurou nesta sexta-feira uma fonte diplomática francesa pouco antes do acordo dos 27 sobre o adiamento.
Os europeus demonstram em sua decisão sua rejeição à renegociação do acordo fechado com o premiê britânico em 17 de outubro e a necessidade de Londres de apresentar um candidato a comissário para a próxima Comissão Europeia ao continuar sendo membro do bloco.