Jornal Estado de Minas

Oração no mar passado um ano da queda do Boeing da Lion Air na Indonésia

Os parentes das vítimas do acidente do voo da companhia indonésia Lion Air, no qual 189 pessoas morreram ao cair na costa da Indonésia, jogaram flores no Mar de Java nesta terça-feira um ano após a catástrofe.

O acidente com o Boeing 737 MAX, em 29 de outubro de 2018, foi seguido alguns meses depois por outro com um avião do mesmo tipo em um voo operado pela Ethiopian Airlines, que causou 157 mortes.

Esses acidentes resultaram na proibição de todos os voos do Boeing do tipo MAX, a aeronave mais vendida do fabricante americano.

A cerimônia desta terça-feira no mar foi fechada para a mídia, mas, de acordo com os vídeos de parentes vistos pela AFP, os presentes rezaram e jogaram flores no Mar de Java, onde o avião desapareceu pouco depois decolar de Jacarta.

Alguns familiares permaneceram serenos e outros deram lugar a demonstrações de dor, lembrando seus parentes desaparecidos na catástrofe aérea, enquanto funcionários da companhia Lion Air, uniformizadas, tentavam consolá-los.

"Espero que, um ano após o acidente, a Lion Air assuma todas as suas obrigações para com as famílias das vítimas", disse Anton Sahadi, que perdeu um primo na tragédia.

Investigadores indonésios concluíram que um defeito do projeto, treinamento inadequado de pilotos e desempenho ruim da tripulação levaram ao acidente do Boeing 737 MAX em um relatório final publicado na sexta-feira.

A análise aponta para um sistema automático concebido pela Boeing para impedir a queda do avião, o MCAS, mas que teve seu "design e certificação" considerados inadequados.

Alguns parentes não quiseram participar da cerimônia no mar, organizada pela Lion Air.

"O que aconteceu aconteceu, não posso mudar", afirmou Aldhi, que, como muitos indonésios, tem apenas um nome.

- Chefe da Boeing no Congresso dos EUA -

Dennis Muilenburg, chefe da Boeing, será interrogado nesta terça e quarta-feira no Congresso dos Estados Unidos, um depoimento crucial para seu futuro no comando da empresa e para recuperar a confiança do público após os acidentes com 737 MAX, que causaram 346 mortes ao todo.

As audiências são focadas no desenvolvimento e certificação do 737 MAX.

Muilenburg visitou a embaixada da Indonésia em Washington na segunda-feira "para oferecer condolências ao povo indonésio, amigos e parentes das vítimas", disse em um comunicado.

Os parlamentares americanos pretendem questionar o chefe da Boeing sobre o sistema antiestabilizador, o MCAS, projetado pela Boeing especificamente para o 737 MAX - que não voa há sete meses - para abaixar o nariz do avião, especialmente em caso de perda de velocidade.

Muilenburg, acompanhado por John Hamilton, engenheiro-chefe da Boeing, responderá às perguntas do Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado nesta terça.

Na quarta, os dois homens também comparecerão ante o Comitê de Transporte da Câmara dos Deputados.

"Já aprendemos as lições e continuamos aprendendo com esses acidentes", ele disse aos senadores, segundo um texto divulgado na segunda-feira à noite.

"Esse aprendizado levará a melhorias no projeto de futuras aeronaves", afirma ainda.

"Sabemos que cometemos erros e cometemos erros em algumas coisas, assumimos a responsabilidade e vamos corrigi-la".

No entanto, o líder da Boeing seguirá a linha de defesa implantada por meses, argumentando que o MCAS não possui um design defeituoso.

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