O lançamento do famoso jogo de guerra "Call of Duty" gerou polêmica nesta quarta-feira (30) na Rússia, onde é acusado de manchar a imagem do exército russo em um cenário que recorda fortemente a Síria.
Editado pela empresa americana Activision, "Call of Duty: Modern Warfare" é a novidade do videogame mais vendida em 2019 no mundo.
No entanto, desde a publicação de seu trailer em maio, tem sido alvo de críticas da mídia e dos usuários na Rússia, que o acusam de "russofobia".
No modo "solo", o jogador encarna principalmente uma menina, Farah, que testemunha o assassinato de seu pai por um soldado russo no Urziquistão, um país imaginário do Oriente Médio.
Depois de vingar o pai, a jovem lidera uma rebelião contra a ocupação russa. Outras cenas do jogo mostram militares russos executando ou bombardeando civis.
O mundo do jogo lembra fortemente a Síria, onde Moscou enviou bombardeios desde 2015, em auxílio ao governo de Bashar Al-Assad.
Desde o seu lançamento, o jogo recebeu muitas críticas no site Metacritic, diminuindo sua classificação. Muitos comentários, em russo e inglês, acusam-no de "propaganda antirrussa".
"Precisa ser um verdadeiro monstro para jogar um jogo abertamente criminoso no qual se diz em preto e branco que os soldados russos são terroristas", tuitou um influente jogador profissional na Rússia, Ilia Davydov, também conhecido como Ilia Maddyson, que anunciou que boicotaria o novo episódio.
"O editor prometeu dizer que a guerra é ruim, mas o que ele diz finalmente é que os russos são ruins", declarou ao canal privado Ren-Tv.
Diante do escândalo, a Sony decidiu na semana não oferecer o episódio à venda na Rússia para seu console Playstation 4. No entanto, o jogo está disponível nos PCs da Microsoft e no Xbox One.
A série "Call of Duty" foi criticada por sua visão heroica da guerra travada pelos exércitos ocidentais e este último episódio foi elogiado em alguns setores por mostrar o sofrimento de vítimas civis.