Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong se preparam para celebrar o Halloween, nesta quinta-feira (31), com novos protestos nas ruas.
A ex-colônia britânica vive sua pior crise política desde a devolução a Pequim, em 1997, com manifestações e protestos quase diários desde junho para denunciar o retrocesso das liberdades e as cada vez maiores interferências da China na região semiautônoma.
A mobilização, que não tem líderes nem porta-vozes, é organizada principalmente pelas redes sociais. Nas últimas horas, foram publicadas convocações para protestos na quinta-feira à noite com máscaras de Halloween.
Há cinco meses, os manifestantes saem às ruas com os rostos cobertos para não serem reconhecidos e evitar perseguições judiciais.
No início do mês, a chefe do Executivo local, Carrie Lam, designada por um comitê ligado a Pequim, anunciou a proibição do uso de máscaras nas manifestações.
A medida provocou muitos protestos e não está sendo respeitada. Também estimulou novos atos de violência contra empresas acusadas de colaborar com o governo local e com Pequim.
Os manifestantes divulgavam nas redes sociais máscaras para imprimir no Halloween, uma festa muito popular na ex-colônia britânica.
Uma delas representa o rosto de Carrie Lam pintada como o Coringa, o inimigo do Batman. Uma outra mistura os rostos de Xi Jinping com o ursinho Pooh, personagem de desenho animado proibido na China porque os internautas o comparavam com o presidente chinês.
"Não é uma festa", afirmaram em um fórum os organizadores de uma manifestação não autorizada. "Vamos usar o Halloween para expressar nossas demandas e nossa insatisfação".
O jornal "Apple Daily", próximo aos manifestantes, publicou uma máscara que representa um policial, algo "mais assustador do que um fantasma", segundo a publicação.
Uma fonte policial disse à AFP que a segurança será reforçada no bairro de Lan Kwai Fong, muito movimentado durante a noite e cenário da maior festa de Halloween de Hong Kong.
Nesta quinta-feira, o Alto Tribunal de Hong Kong deve examinar dois recursos contra a proibição do uso de máscaras.
Um deles denuncia a lei de emergência que Lam invocou para a proibição, um texto de 1922, da época em que Hong Kong era uma colônia britânica.
"É uma batalha entre o Estado de Direito e o autoritarismo", declarou o deputado Dennis Kwok. A lei de emergência autoriza o Executivo a adotar "qualquer medida" sem a aprovação do Parlamento.
A mobilização em Hong Kong começou em junho para criticar um projeto de lei que autorizaria extradições para a China continental.
O texto foi retirado, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações, com pedidos de reformas democráticas e de uma investigação independente sobre a atuação da polícia.
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