A imprensa estatal da China pediu nesta segunda-feira uma "linha mais dura" contra os manifestantes pró-democracia em Hong Kong, após um fim de semana violento e depois das advertências de Pequim de que reforçará os controles no território semiautônomo.
Manifestantes radicais quebraram as janelas do escritório regional da agência oficial de notícias chinesa Xinhua no sábado. Um dia depois, um ataque com faca deixou cinco feridos, incluindo um funcionário do governo local pró-democracia. O fim de semana foi marcado ainda por dezenas de detenções.
"Vandalizar uma agência de notícias é um ato de natureza terrorista, assim como quando os limites do aceitável em uma sociedade civilizada são ultrapassados", escreveu em inglês no Facebook o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.
"A intensificação da violência em Hong Kong requer uma linha mais dura para restaurar a ordem", afirma um editorial do China Daily, jornal estatal em língua inglesa.
"Os manifestantes buscam a indulgência oferecida pelos meios de comunicação locais e ocidentais, enquanto tentam silenciar os que tentam colocar os protestos no centro da verdade", completa o jornal.
"Estão destinados ao fracasso porque sua violência vai esbarrar no peso da lei", adverte.
O jornal nacionalista Global Times pediu, em um editorial, que as "forças de segurança de Hong Kong levem à justiça o mais rápido possível" os que atacaram o escritório da Xinhua.
Nenhum editorial mencionou o ataque com faca em Tai Koo Shing, bairro de classe média de Hong Kong, que deixou pelo menos cinco feridos.
De acordo com testemunhas citadas pela imprensa local, o homem falava mandarim (língua predominante na China continental) e usou a faca após uma discussão com os manifestantes.
Imagens exibidas na televisão mostram Andrew Chiu, figura importante dos protestos pró-democracia, com a orelha cortada. Uma segunda vítima, inconsciente, aparece no chão, ao lado de muito sangue, enquanto várias pessoas tentam ajudá-lo.
Os manifestantes em Hong Kong denunciam há cinco meses, com protestos quase diários e cada vez mais violentos, a crescente interferência de Pequim nas questões do território semiautônomo e exigem reformas democráticas.
Pequim advertiu na sexta-feira, após uma reunião de quatro dias dos líderes do Partido Comunista, que não toleraria qualquer desafio sobre sua autoridade em Hong Kong, ao mesmo tempo que anunciou mudanças para "melhorar" o sistema de eleição do chefe do Executivo de Hong Kong.
O China Daily destacou que o Partido Comunista quer reforçar o sistema judicial de Hong Kong para "salvaguardar a segurança nacional".
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