Os governos ao redor do mundo recorrem cada vez mais às redes sociais para manipular eleições e monitorar seus cidadãos, uma tendência preocupante para a democracia, alerta um relatório publicado nesta terça-feira pela ONG Freedom House.
Em seu documento anual sobre a liberdade on-line, a organização destaca evidências de "programas avançados de vigilância nas redes sociais" em pelo menos 40 de 65 países examinados.
O relatório afirma que a liberdade na internet registrou queda pelo nono ano consecutivo, com autoridades em alguns países simplesmente eliminando o acesso à rede como parte de seus esforços para manipular, enquanto outros Estados usam exércitos de propaganda para distorcer informações nas plataformas sociais.
"Muitos governos estão descobrindo que nas redes sociais a propaganda funciona melhor que a censura", disse Mike Abramowitz, presidente da Freedom House.
"Autoritários e populistas de todo o mundo estão explorando a natureza humana e os algoritmos de computador para conquistar as urnas, passando por cima das regras elaboradas para garantir eleições livres e justas", completou.
A desinformação foi a tática mais utilizada para afetar as eleições, de acordo com a organização.
"Populistas e líderes de extrema-direita se tornaram adeptos não apenas da criação de desinformação viral, mas também de alimentar redes que a disseminam", destaca o relatório de 2019 da organização, "Freedom on the Net" (Liberdade na Rede).
Em 47 dos 65 países, indivíduos foram detidos por suas opiniões políticas, sociais ou religiosas compartilhadas on-line. E as pessoas foram submetidas a violência física por suas atividades na internet em pelo menos 31 países.
A China permanece como o pior país em termos de liberdade na internet pelo quarto ano consecutivo, com aumentos do controle do governo em meio aos protestos em Hong Kong e antes do 30º aniversário do massacre de Tiananmen (Praça da Paz Celestial), indica o relatório.
A liberdade on-line registrou queda em 33 dos 65 países examinados, de acordo com a Freedom House.
As quedas mais expressivas aconteceram no Sudão e Cazaquistão, seguidos por Brasil, Bangladesh e Zimbábue.
Nos Estados Unidos, "funcionários e agências de imigração ampliaram a vigilâncias sobre as pessoas".
"Agentes monitoraram com maior frequência plataformas em redes sociais e realizaram buscas sem garantia dos dispositivos eletrônicos dos viajantes para coletar informações sobre atividades constitucionalmente protegidas, como protestos pacíficos e jornalismo crítico", afirma a Freedom House.
A desinformação também ganhou força nos Estados Unidos, com foco nas eleições de meio de mandato de 2018.
Dezesseis países registraram uma situação melhor, com destaque para a Etiópia.
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