A presidente interina da Bolívia, a direitista Jeanine Añez, estreou no cargo nesta quarta-feira (13) após assumir o país em uma controversa sessão legislativa para preencher o vácuo de poder deixado pela renúncia de Evo Morales, asilado no México.
Añez, segunda vice-presidente do Senado, se proclamou presidente interina no dia anterior à renúncia do vice-presidente do governo e de outros altos funcionários que a precederam na linha de sucessão. Pouco depois, sua posse foi endossada pelo Tribunal Constitucional da Bolívia.
Em um discurso após se autoproclamar, essa advogada de 52 anos lembrou sua intenção de convocar novas eleições "o mais rápido possível".
A convocação para novas eleições deve ser feita dentro de um período não superior a 90 dias. Ao assumir, ela prometeu que a Bolívia terá um novo governo em 22 de janeiro de 2020.
- Apoio de líderes -
Añez, originalmente do departamento de Beni, localizado no nordeste da Bolívia e na fronteira com o Brasil, recebeu apoio dos líderes dos protestos contra Morales.
O ex-presidente Carlos Mesa, segundo lugar nas questionadas eleições de 20 de outubro, a parabenizou pelo Twitter e o líder cívico Luis Fernando Camacho, que se tornou o principal rosto da oposição no contexto dos protestos, prometeu "apoio total".
Camacho também pediu para suspender as greves iniciadas no dia seguinte às eleições.
À noite, Añez teve uma reunião com os chefes das Forças Armadas e a Polícia na sede do governo. Um sinal de que eles também a reconhecem como presidente.
Morales, 60 anos, no entanto, denunciou no México que a "autoproclamação de uma senadora como presidente viola o CPE (Constituição Política do Estado) da Bolívia e as regras internas da Assembleia Legislativa".
A Bolívia mergulhou no vácuo de poder desde domingo, quando Morales renunciou em meio a fortes pressões das Forças Armadas, da Polícia, de sindicatos e de manifestantes, que desde 20 de outubro participavam de violentas manifestações.
Logo após as eleições, a oposição denunciou uma fraude eleitoral devido à interrupção abrupta da publicação dos resultados da votação no momento em que els começaram a apontar para um segundo turno com Mesa.
O presidente aimara, que ocupava a presidência desde 2006, sendo reeleito após sucessivas reformas constitucionais e apesar de um plebiscito adverso, renunciou poucas horas depois de ter convocado novas eleições diante das "graves" irregularidades denunciadas pelos observadores da Organização de Estados Americanos (OEA).
Em duas declarações diferentes, cerca de vinte países da OEA pediram na terça-feira o fim da violência e a rápida realização de eleições para superar a crise na Bolívia, na primeira reunião do bloco continental após a renúncia de Morales.