Paris – Milhares de pessoas participaram ontem na França de uma série de passeatas pelo fim da violência contra as mulheres e o feminicídio, problema que não para de crescer no país. Em Paris, exibindo uma faixa da União Nacional das Famílias Feminicídio (UNFF), várias pessoas exibiam fotos de um membro da família assassinado, numa manifestação que também ocorreu em outras cidades do país.
“Pensamos que será uma passeata histórica”, disse uma das organizadoras, Caroline De Haas, antes do início da manifestação em Paris, convencida de que “o nível de consciência está mudando radicalmente”.
Esta “maré violeta”, devido à cor da luta feminista, pressiona o governo dois dias após o encerramento de uma ampla consulta sobre violência doméstica lançada no início de setembro para tentar controlar esse problema
O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, acompanhado por uma dúzia de membros do governo, planeja anunciar medidas há muito aguardadas pelas associações. “Já não conseguimos mais contar os casos em que os feminicídios poderiam ter sido evitados”, escreveram os organizadores das manifestações de ontem numa convocação publicada no Facebook.
Milhares de mulheres morrem a cada ano no mundo pelo simples fato de serem mulheres. Em 2017, o número de vítimas foi de 90 mil, um número que representa uma praga que afeta países ricos e pobres, em guerra ou em paz, sem distinção.
Na França, pelo menos 116 mulheres foram assassinadas neste ano por seu parceiro ou ex-parceiro, segundo um levantamento da AFP. Em 2018, esse trágico número foi de 121, segundo dados do Ministério do Interior. Além disso, a violência doméstica atinge cerca de 220 mil francesas.
EM MOSCOU Cerca 200 pessoas se reuniram ontem em um parque de Moscou, convocadas por uma organização religiosa, para protestar contra um projeto de lei contra a violência doméstica. Esse texto está atualmente em preparação por um deputado do partido no poder. Nos últimos meses, esse problema voltou aos holofotes, após uma série de casos expostos na mídia, que multiplicaram os pedidos para reforçar a legislação russa nesse sentido.
Militantes ortodoxos, no entanto, se pronunciaram contra esse projeto. Eles alegam ser contra a violência, mas acreditam que a legislação existente já protege suficientemente as vítimas e que o novo texto vai contra os "valores familiares tradicionais" na Rússia. “Esta lei faz da família um objeto. As ONGs poderão interferir nas famílias e dividi-las. É o começo da destruição da família”, disse Andrei Kormukhin, organizador da manifestação.