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Estado de Minas

Eleições na Namíbia, mera formalidade para o regime, apesar da crise


postado em 25/11/2019 11:19

A Namíbia votará na quarta-feira em eleições gerais em que o partido que governa desde a independência, em 1990, aparece como favorito, apesar da severa recessão econômica e do crescente descontentamento da população.

Nem a crise nem a ganância do poder parecem abalar o regime que emergiu da "guerra da libertação" neste país, um paraíso gigantesco no deserto para turistas que amam a vida selvagem.

"Não há alternativa concreta para a Swapo (Organização Popular do Sudoeste da África)", diz o analista Henning Melber.

"Com uma oposição tão fraca, não se tem nada a temer", diz ele, referindo-se ao presidente Hage Geingob, 78 anos, candidato a um segundo mandato.

Apesar de um subsolo com enormes recursos naturais, como urânio, um fundo do mar rico em peixes e diamantes e o boom do turismo, a Namíbia está mergulhada em uma grave crise econômica desde 2016.

Devido à queda nos preços das commodities e à seca persistente, a maioria de seus indicadores está no vermelho. Um terço (34%) da população está desempregada, especialmente jovens (43%), e seu Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu em 2017, 2018 e na primeira metade do ano.

Parece que nada vai tirar Geingob do poder, e ele se apresenta como o único capaz de reverter a situação.

"Vote em mim, para que eu possa continuar no mesmo caminho", disse ele no sábado, no final da campanha em um estádio na capital, Windhoek, diante de mais de 2.000 seguidores cantando canções da guerra de independência.

"Estamos na segunda fase de nossa luta, a da emancipação econômica e a satisfação de necessidades essenciais", prometeu.

- "Em ruínas" -

A oposição é impotente contra a máquina eleitoral perfeitamente lubrificada da Swapo. McHenry Venaani, 42, e seu Movimento Democrático Popular (PDM) já competiram em 2014, mas sua proximidade com o apartheid sul-africano joga contra ele, pois desencoraja boa parte do eleitorado.

A primeira mulher a concorrer às eleições, Esther Muijangue, 57, denunciou a corrupção e o patrocínio do regime.

A única ameaça real parece vir de um ex-dentista e advogado de 62 anos, Panduleni Itula. Embora seja membro da Swapo, ele aparece como candidato independente.

"O povo namibiano vive em ruínas", lamentou na semana passada.

Embora atraia o eleitorado do partido no poder, de acordo com especialistas não tem muitas chances.

É mais provável que a desilusão com o atual governo se reflita na taxa de participação de 1,4 milhão de eleitores registrados.

Porque em todo o país a frustração está aumentando.

Quase três décadas após a independência, a Namíbia permanece em segundo lugar no ranking dos países mais desiguais do planeta, segundo o Banco Mundial.

O descontentamento é percebido mesmo nas fileiras do partido no poder.

"Lutei pelo país, mas hoje estou muito decepcionado", disse Naftali Ngiyalwa, um ex-combatente da Swapo de 77 anos.


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