A França entrou nesta quinta-feira, 12, no oitavo dia de greve contra a reforma da previdência do presidente Emmanuel Macron. Pela primeira vez, o governo francês deu sinais de que aceita dialogar com os manifestantes, mas os sindicatos rejeitaram o aceno, pediram a ampliação do movimento e negaram uma trégua.
"A greve continua, e lamentamos. Percebemos que o governo não dá o braço a torcer e isso vai durar algum tempo. Não haverá trégua de Natal", afirmou o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal sindicato dos ferroviários, Laurent Brun, à rádio France Info.
A rejeição da proposta do governo sinaliza que os líderes sindicais consideram a possibilidade de uma "duração ilimitada" da paralisação. Os grevistas tentam repetir a mobilização de 1995, que durou mais de três semanas e levou à renúncia do primeiro-ministro, Alain Juppé, e acabou com a proposta de reforma previdenciária do governo de Jacques Chirac. Na época, as greves foram comparadas aos eventos de maio de 1968, quando a França chegou à beira de uma revolução.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou o projeto de reforma, que pretende unificar os 42 regimes diferentes em um sistema único. "Todo mundo sairá ganhando", disse o premiê.
O governo manteve o plano, mas aceitou flexibilizar alguns pontos após os protestos da última semana. As concessões, no entanto, não foram consideradas suficientes pelos sindicatos. "Minha porta está aberta, minha mão está estendida", declarou Philippe.
No entanto, os sindicatos afirmam que o governo "ultrapassou" os limites com os anúncios sobre a aposentadoria, um tema muito delicado na França. Uma das questões que mais enfurece os trabalhadores é o aumento para 64 anos da idade mínima para aposentadoria integral. Atualmente, a idade é 62 anos e continuará sendo, mas com direito a uma pensão menor. Diante do impasse, o governo disse ontem que aceita negociar. "Há espaço", garantiu o ministro da Economia, Bruno Le Maire.
Nesta quinta-feira, em Paris a maioria do transporte público não funcionou. O centro da capital ficou completamente paralisado com o grande número de veículos. Em Nantes, houve confronto entre a polícia e os manifestantes. Em Marselha, grevistas atearam fogo em carros. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.