Declarado o vencedor, nesta sexta-feira (13), das eleições presidenciais na Argélia, o septuagenário Abdelmadjid Tebboune fez carreira no sistema governamental argelino, ao lado de Abdelaziz Buteflika, de quem foi premiê por um curto período de tempo.
Tebboune é, no entanto, o primeiro presidente da Argélia que não ostenta o título de ex-combatente da guerra de independência contra o poder colonial francês (1954-1962).
Aos 74 anos, este membro do Comitê Central da Frente de Libertação Nacional (FLN), antigo partido único, está longe de representar - segundo Buteflika - a renovação política e geracional esperada pela juventude, em um país onde metade da população tem menos de 30 anos.
Juventud encarnada pelo "Hirak", o poderoso movimento de contestação popular contra o regime que, após ter conseguido, em abril, a demissão de Buteflika, exige também o fim do "sistema" vigente desde a independência do país. Um sistema do qual Tebboune fez parte por toda a sua carreira.
Produto da elite do país, Tebboune cursou seus estudos na administração regional antes de encadear postos de 'wali' (prefeito) na década de 1980, sob o regime do partido único.
Em 1991 se torna um ministro delegado das Coletividades Locais, sob a Presidência do coronel Chadli Bendjedid, para desaparecer depois da cena política.
- "Perfeito burocrata" -
Tebboune, que nunca antes tinha sido candidato eleitoral, "é um perfeito burocrata", explica à AFP um de seus ex-colaboradores.
Este homem de expressão triste e que fuma até mesmo nos lugares onde não se permite fumar, não é conhecido nem pelo carisma, nem pelos dotes de oratória, acrescenta o ex-colaborador.
Logo após ser eleito presidente, em 1999, Buteflika o fez sair de sua "aposentadoria antecipada" e fez dele seu ministro da Comunicação, antes de lhe confiar outras pastas nos anos seguintes até 2002.
Em 2012, Buteflika volta a chamá-lo para fazer parte de seu governo. Cinco anos depois, em maio de 2017, obtém sua consagração ao se tornar primeiro-ministro.
Foi o primeiro-ministro com menos tempo no cargo da história do país, depois de ser destituído após três meses. Durante seu breve mandato, investiu contra os oligarcas que gravitavam em torno do chefe de Estado, tributários de enormes contratações públicas e a maioria dos quais hoje se encontra preso por acusações de suspeita de corrupção.
Tebboune fez valer este feito para honrar seu passado a serviço de Buteflika, embora seu entorno não escape dos casos de corrupção, já que um de seus filhos permanece em prisão preventiva por tráfico de influência, em um caso que envolve várias acusações, após a apreensão de 700 kg de cocaína em um porto da Argélia em maio de 2018.
Tebboune, casado, tem um filho homem e outras duas filhas.
Próximo ao general Gaid Salah, chefe do estado-maior do exército e homem forte do país desde a demissão de Buteflika, Tebboune fez uma campanha discreta, após a saída de seu diretor de comunicação, Abdallah Baali, por motivos de saúde, segundo veículos de comunicação da Argélia.