O papa Francisco e o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestaram-se claramente contra o fanatismo religioso, por ocasião de um encontro no Vaticano nesta sexta-feira (20).
"Não podemos, não devemos virar os olhos quando os fiéis de diferentes confissões são perseguidos, em diversas partes do mundo", defendeu o papa em um vídeo comum.
Ele criticou "o uso da religião para fins de ódio, violência, opressão, extremismo e fanatismo cego, ou com o objetivo de forçar o exílio e a marginalização".
"Nossa reunião é particularmente significativa neste período de Natal", disse Guterres. "É um período de paz e de boa vontade, e fico triste de constatar que as comunidades cristãs - incluindo algumas das mais antigas do mundo - não podem celebrar Noel com toda segurança", condenou o secretário-geral da ONU.
Francisco entregou a seu convidado uma cópia de um texto sobre a "fraternidade humana", assinado em fevereiro de 2019 com o grande imã sunita do instituto egípcio Al-Azhar, o xeque Ahmed al-Tayeb, em uma visita aos Emirados Árabes Unidos.
Considerado uma etapa marcante no diálogo entre cristãos e muçulmanos, este texto faz um apelo pela liberdade de crença e de expressão, pela proteção dos lugares de culto e defendeu a plena cidadania para as "minorias" discriminadas.
Guterres classificou a declaração como "histórica" e "extremamente importante, já que somos testemunhas de ataques tão dramáticos contra a liberdade religiosa e a vida dos fiéis". Ele disse ainda que a ONU lançou um plano de ação para proteger os lugares religiosos, assim como uma estratégia para lutar contra o discurso de ódio.