Separados de suas mães, espancados e às vezes privados de comida, os elefantes tailandeses são domesticados à força antes de serem vendidos em resorts que se autodenominam "santuários" para atrair viajantes conscientes do abuso de animais.
Em Ban Ta Klang (leste), a maioria dos paquidermes que terminam nesses "centros de resgate" são treinados, ou melhor, sujeitados a domadores, que os forçam a interagir com os visitantes.
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Dois elefantes morrem atropelados por um trem na ÍndiaCerca de 100 elefantes morrem vítimas da seca em BotsuanaMais de 50 elefantes morrem pela seca no Zimbábue em um mêsCom apenas dois anos, o filhote de elefante é separado de sua mãe, embora ainda dependa dela. São amarrados, às vezes privados de comida e frequentemente agredidos com paus ou um gancho de metal para que obedeçam às ordens.
"Nós não os criamos para machucá-los... Se eles não forem teimosos, não fazemos nada com eles", assegura o adestrador Charin à AFP, pedindo a um jovem elefante que fique em pé.
Ele treina os paquidermes por US$ 350 por mês, ensinando-os a pintar, jogar futebol, tocar música, seja lá o que os proprietários pedirem.
"Eu sempre morei com eles. Eles fazem parte da nossa família", diz o domador, que seguiu a profissão do avô e do pai.
80.000 dólares
Desde a proibição da exploração na indústria florestal, há 30 anos, elefantes e domadores desempregados passaram ser usado pelo turismo de massa.
Uma vez treinados, os animais são vendidos por até US$ 80.000, um investimento colossal e rentável.
Uma tarefa fácil para parques de diversões, como o Mae Taeng, localizado perto de Chiang Mai (norte), e que recebe até 5.000 visitantes por dia.
Com uma perna no ar e um pincel na tromba, Suda faz cinco pinturas sob os aplausos dos visitantes que pagaram 50 dólares de entrada.
Suas telas, que parecem estampas japonesas, são vendidas por até US$ 150. Depois, chega o momento mais esperado: o passeio nas costas de um elefante.
Muitos abrigos e santuários não oferecem mais esses passeios, boicotados cada vez mais por turistas ocidentais.
Mas a maioria oferece uma atividade igualmente controvertida: tomar banho com o animal.
"É fortemente desencorajado. É estressante, especialmente quando você precisa interagir com jovens muito excitados, e pode causar ferimentos aos turistas", diz Jan Schmidt-Burbach, da World Animal Protection.
O objetivo é colocar o visitante o mais próximo possível do paquiderme para alimentar, escovar e cuidar dele.
Depois que acaba a experiência, o turista não vê o lado sombrio da brincadeira: em alguns "abrigos", os elefantes ficam acorrentados por horas, forçados a dormir no concreto e são mal alimentados.
Observar sem tocar
Dos 220 parques de elefantes registrados no país, a maioria promete um turismo mais ético e com "condições de vida satisfatórias", segundo a World Animal Protection.
É o caso do ChangChill, uma pequena estrutura em torno de Chiang Mai, no meio de arrozais.
Em alguns meses, houve uma revolução em sua operação para garantir o bem-estar animal ideal.
No lugar se observa os animais respeitando uma distância de 15 metros.
"Não somos obrigados a fazer o que não aprovamos instintivamente", explica o diretor Supakorn Thanaseth.
Segundo ele, os perigos de acidentes se devem ao estresse do animal.
ChangChill espera ser lucrativo na alta temporada, mas só pode receber 40 turistas diários e exibir seis elefantes sozinhos.
Aumento de cativeiro
A Tailândia tem quase 4.000 espécimes em cativeiro e seu número aumentou 30% em 30 anos. Reintroduzi-los em seu habitat natural não é possível devido à falta de espaço e pode desencadear conflitos com as pessoas, diz a autoridade de turismo tailandesa.
Especialistas acreditam que o setor deve ser organizado, pois carece de regulamentação.
Mas as autoridades não parecem ter pressa em colocar ordem nesse negócio lucrativo.
Um relatório de associações para a defesa dos direitos dos animais defendeu um controle mais rigoroso dos elefantes em cativeiro no ano passado.
Uma vez "domesticado", o animal é considerado um simples bem, segundo a lei tailandesa, ao contrário dos elefantes selvagens, que estão protegidos.