(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CONFRONTO ENTRE EUA E IRÃ

Medo de nova guerra renasce

Bolsas de valores e a União Europeia reagem ao assassinato de general iraniano autorizado pelo presidente norte-americano. Pedido é por "máxima moderação" e "redução de tensões"


postado em 04/01/2020 04:00 / atualizado em 04/01/2020 12:11

 Houve protestos também, em apoio ao presidente do Irã, Hassan Rouhani(foto: Atta Kenare/AFP)
Houve protestos também, em apoio ao presidente do Irã, Hassan Rouhani (foto: Atta Kenare/AFP)
Os Estados Unidos (EUA) anunciaram nessa sexta-feira que vão enviar até 3.500 soldados adicionais ao Oriente Médio para reforçar a segurança dos interesses americanos na região, após a morte, em Bagdá, do general iraniano Qasem Soleimani em um bombardeio norte-americano, autorizado pelo presidente Donald Trump, informou um alto funcionário do Pentágono. Washington disse que Soleimani estava planejando ações iminentes contra os Estados Unidos quando foi alvo de um ataque de drone.  O general era o responsável pela crescente influência militar iraniana no Oriente Médio e um herói entre muitos iranianos e xiitas da região.

Assim que o bombardeio que tirou a vida do general iraniano foi anunciado, o petróleo teve alta superior a 4% no mundo, e depois fechou com aumentos expressivos, diante do medo de uma escalada de guerra em uma área sensível para o mercado mundial da commodity. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu a “todos os atores envolvidos e seus sócios provas de máxima moderação”, após o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani.

Borrell apelou “à responsabilidade neste momento crucial”, e advertiu que “outra crise pode colocar em risco anos de esforços para estabilizar o Iraque”, destaca comunicado oficial da diplomacia europeia. “O atual ciclo de violência no Iraque deve ser detido antes que saia de controle”, declarou Borrell, que defendeu a intensificação do “diálogo para reduzir as tensões”.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu uma “severa vingança” pela morte de Soleimani. O presidente americano Donald Trump disse que os Estados Unidos “acabaram” com o general iraniano quando ele estava presentes a atacar diplomatas americanos, mas insistiu que Washington não quer mudar o governo do Irã.

“Soleimani estava planejando ataques iminentes e sinistros contra diplomatas e militares americanos, mas nós o pegamos no flagra e acabamos com ele”, disse Trump à imprensa na Flórida. Ao se referir ao militar iraniano, morto em um ataque aéreo dos EUA, como “doente”, Trump tentou diminuir as tensões, insistindo que não quer guerra com o Irã. “Nós agimos ontem à noite para interromper uma guerra. Não agimos para começar uma”, afirmou. “Não buscamos uma mudança de regime”.

Após a notícia sobre a operação militar dos EUA, deixando Soleimani morto, manifestantes iranianos e iraquianos foram às ruas em protestos contra a supermacia norte-americana. Na cidade de Magam, na Caxemira, centenas de pessoas realizaram manifestações “anti-americanas”. Um manifestante sustentou cartaz com uma imagem do presidente iraniano Hassan Rouhani. Em Teerã, imagem do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, foi carregada por manifestante.
 
 

Pavor entre investidores 

 

Em Londres, o barril de Brent nos contratos de março subiu 3,5%, para US$ 68,60, o preço mais alto desde setembro. Em Nova York, o barril do WTI para fevereiro subiu 3,1%, para 63,05. “Temem que o Irã tome represálias pelo assassinato de Soleimani”, disse Thina Margrethe Saltvedt, uma analista da Nordea Markets, explicando que Teerã pode atacar “instalações petroleiras, ou infraestruturas de transporte”.

As bolsas de valores foram afetadas, mas algumas europeias conseguiram fechar em alta. A Bolsa de Paris teve alta de 0,04%; Londres, de 0,24%; enquanto Frankfurt recuou 1,25%, e Milão, 0,56%. Nova York operou em baixa durante boa parte do dia. Seus índices tinham marcado novo recorde na quinta-feira, mas o mercado foi abalado após a ação dos EUA e da ameaça de vingança do Irã.

Os soldados que Trump decidiu enviar ao Oriente Médio pertencem a uma força de reação rápida da 82ª divisão aerotransportada, que se encontra em alerta desde o ataque na terça-feira contra a embaixada americana em Bagdá, informou a fonte doPentágono, que pediu para ter sua identidade preservada.

“Essa brigada será implantada no Kuwait, uma medida apropriada e preventiva em resposta ao crescente nível de ameaça contra as forças e instalações americanas”, disse o porta-voz. Numa entrevista coletiva na quinta-feira, o chefe do Estado Maior dos Estados Unidos, general Mark Milley, havia alertado que mais reforços poderiam ser enviados à área, se necessário.

TV fala em novo bombardeio


Manifestantes foram às ruas de Teerã, com imagem do aiatolá Ali Khamenei, que prometeu %u201Csevera vingança%u201D contra os norte-americanos(foto: Tauseef Mustafa/AFP )
Manifestantes foram às ruas de Teerã, com imagem do aiatolá Ali Khamenei, que prometeu %u201Csevera vingança%u201D contra os norte-americanos (foto: Tauseef Mustafa/AFP )

No começo da noite de ontem, foi noticiado novo ataque aéreo americano visando um comandante da milícia iraquiana pró-Irã Hashd al-Shaabi, no Norte de Bagdá, segundo a TV estatal, num segundo bombardeio, após a morte do general iraniano Qassem Soleimani. A emissora não confirmou a identidade do comandante visado no novo ataque, que deixou “mortos e feridos”, informou à agência de notícias AFP uma fonte da polícia iraquiana sem, no entanto, dar um balanço preciso.

A tensão entre os Estados Unidos e Irã vai muito além das declarações e ações políticas e militares. No último dia de 2019, o presidente americano Donald Trump, em sua conta no Twitter, culpou o Irã pelos ataques à embaixada americana no Iraque, além de ameaçar o país árabe. Um dia depois, também pela rede social, o aiatolá Seyed Ali Khamenei, contra-atacou, em resposta a Trump e essa “conversa!” gerou grande número de respostas provocadoras, sobretudo depois do assassinato do general Qasem Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana.

No tweet de 31 de dezembro, Trump escreveu que 'o Irã será integralmente responsabilizado pelas vidas perdidas ou dano causado a qualquer de nossas instalações. Eles pagarão um alto preço! Isso não é um alerta, é uma ameaça. Feliz Ano Novo'. Em seguida, na quarta-feira, o líder supremo do Irã respondeu com ironia e em tom desafiador: “Este homem tweetou que veremos o Irã sendo responsabilizado pelos eventos em Bagdá e nós vamos responder pelo Irã. 1°: Você não pode fazer nada. 2°: Se você fosse lógico – o que não é – você veria que seus crimes no Iraque, Afeganistão... fizeram nações odiarem vocês”.
 

Brasil acusa o Irã e alerta turistas


Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Band, o presidente Jair Bolsonaro, disse ser favorável a qualquer medida que combata o terrorismo, indicando apoio à ação militar norte-americana que matou o general iraniano.  “A nossa posição é se aliar a qualquer país no mundo no combate ao terrorismo. Nós sabemos, em grande parte, o que o Irã representa para os seus vizinhos e para o mundo”, afirmou.
 
A Embaixada do Brasil em Bagdá, no Iraque, recomendou ontem que não sejam feitas viagens ao país devido ao “quadro de incertezas e especulações” após ação militar dos EUA que matou o general iraniano Qassem Soleimani. Alerta publicado no site da embaixada também afirma que brasileiros que estiverem no Iraque devem “evitar as áreas de conflitos e agir com extrema cautela, sobretudo em lugares com grande concentração de pessoas”. O governo brasileiro ainda recomenda que esses brasileiros mantenham “contato regular” com a embaixada.

Itamaraty O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota ontem na qual afirmou que apoia a “luta contra o flagelo do terrorismo”. “Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, afirmou o Itamaraty. Na nota, o ministério não condenou a morte do general iraniano, mas condenou um ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá (Iraque).


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)