O Irã disparou "mais de um dúzia de mísseis" na noite desta terça-feira contra bases americanas no Iraque, confirmou o departamento de Defesa dos Estados Unidos, após a prometida reação de Teerã à morte do general Qasem Soleimani.
"Aproximadamente às 17H30 (19H30 Brasília) de 7 de janeiro, o Irã lançou mais de uma duzia de mísseis balísticos contra militares dos Estados Unidos e forças da coalizão no Iraque", informou o assistente de Defesa para Assuntos Públicos, Jonathan Hoffman.
"Está claro que estes mísseis foram lançados do Irã e visavam ao menos duas bases militares iraquianas que abrigam pessoal militar americano e da coalizão, em Al-Assad e Erbil".
Hoffman declarou que o Pentágono está trabalhando em uma "avaliação preliminar dos danos" e na "resposta" ao ataque.
Não há informações sobre baixas nas bases no momento.
"Nos últimos dias e diante das ameaças e ações do Irã, o departamento de Defesa adotou todas as medidas apropriadas para defender nosso pessoal e seus parceiros. As bases estavam em alerta máximo diante das indicações de que o regime iraniano planejava atacar nossas forças e interesses na região".
Veja recomendações do Itamaraty para brasileiros que vão viajar para os EUA ou Irã
Hoffman acrescentou que os Estados Unidos tomarão "todas as medidas necessárias para proteger e defender o pessoal americano, parceiros e aliados na região".
Resposta
Segundo a TV estatal em Teerã, o ataque foi uma resposta à morte do general iraniano Qasem Soleimani, atingido por um míssil disparado por um drone americano na sexta-feira passada, em Bagdá.
"Os Guardiões da Revolução confirmaram o ataque a uma base no Iraque com dezenas de mísseis", e ameaçaram com "respostas ainda mais devastadoras" em caso de resposta americana.
Entre os futuros alvos dos Guardiões estariam "Israel" e "governos aliados" dos Estados Unidos.
Em seu comunicado, os Guardiões aconselham "o povo americano a chamar de volta suas tropas na região para evitar novas perdas", e a "não permitir que a vida dos soldados seja ameaçada pelo ódio" do governo em Washington.
Segundo fontes iraquianas, o ataque ocorreu em três ondas logo após a meia-noite local e ao menos nove mísseis atingiram a base de Ain al-Assad.
Aviões de combate não identificados sobrevoaram Bagdá na madrugada de quarta-feira, constataram os jornalistas da AFP na capital iraquiana.
Washington
A Casa Branca revelou que o presidente americano, Donald Trump, foi informado do ataque e acompanha a situação de perto.
"Estamos a par dos ataques a instalações dos Estados Unidos no Iraque. O presidente foi informado e está monitorando de perto a situação e consultando sua equipe de segurança nacional", informou a porta-voz Stephanie Grisham.
A líder do Partido Democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, declarou que os Estados Unidos "devem garantir a segurança dos membros das nossas forças, deter as provocações desnecessárias da administração e exigir que o Irã para com sua violência".
Segundo Pelosi, "os Estados Unidos e o mundo não podem se permitir a guerra".
O congressista Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores, disse à CNN que os ataques "podem muito bem" significar que os Estados Unidos estão em guerra.
O ataque derrubou as Bolsas asiáticas na manhã de quarta-feira.
Por volta das 10H15 local, a Bolsa de Tóquio recuava 2,44%, Hong Kong perdia 1,35%, Xangai, 0,47%, e Shenzhen, 0,63%.
Já os preços do petróleo subiam com força no marcado asiático. O barril do WTI era cotado a 65,54 dólares, em alta de 2,84 dólares ou 4,53%.